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CONTAS PÚBLICAS
Cenário apresentado pelo Tesouro já contempla a eclosão de uma guerra entre Estados Unidos e Iraque
Dívida do governo pode superar R$ 1 trilhão
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Tesouro Nacional trabalha
com a possibilidade de um aumento significativo da dívida do
governo federal no mercado (interno e externo) em 2003, o que
pode elevar o endividamento para até R$ 1,020 trilhão, segundo
dados divulgados ontem.
Caso a dívida alcance esse número, o crescimento em relação a
2002 será de R$ 126,7 bilhões ou
14,2%. Entre 2001 e 2002, essa dívida aumentou 12,6%.
Ontem, o secretário do Tesouro
Nacional, Joaquim Levy, divulgou
suas projeções para a dívida neste
ano. Segundo ele, os cenários traçados já incluem a eclosão de uma
guerra no Oriente Médio.
O aumento da dívida está relacionado à redução do excesso de
dinheiro existente no mercado
hoje. No ano passado, por causa
da crise de confiança dos investidores no governo, o Tesouro teve
de retirar títulos do mercado, pagando aos detentores dos papéis.
Agora, o Tesouro espera emitir
mais títulos, reduzindo o volume
de papéis de prazo curtíssimo que
vêm sendo usados pelo Banco
Central para diminuir o excesso
de dinheiro no mercado.
Levy explicou que a guerra não
necessariamente afetará a gestão
da dívida se ela for curta. "A dívida é a poupança das pessoas. Você não vai deixar de poupar porque há guerra. Pelo contrário,
provavelmente você nem vai gastar", comentou. O secretário lembrou ainda que o Tesouro tem reservas de R$ 50 bilhões.
Mas a guerra pode reduzir a
possibilidade de queda nas taxas
de juros, o que é um cenário adverso para a emissão de papéis
prefixados, por exemplo. Esses
papéis têm sua correção negociada no momento da venda. Portanto, se os juros estiverem subindo, os investidores não querem o
título.
Para o Tesouro, porém, é melhor ter títulos prefixados na carteira justamente para reduzir a
volatilidade. Na programação
anunciada ontem, a idéia é elevar
a participação de prefixados na
dívida interna de 2,2% do total
para até 15%.
O Tesouro não emite prefixados
desde outubro de 2002. O plano
divulgado ontem prevê a emissão
de títulos de até dois anos de prazo de vencimento.
Levy também informou que
pretende elevar a participação de
títulos indexados à inflação na dívida total porque o Tesouro tem
muitos créditos corrigidos dessa
forma. A principal parcela desses
créditos são as dívidas estaduais.
Ainda no sentido de reduzir a
volatilidade, o Tesouro quer que a
participação dos papéis corrigidos pelo dólar (dívida interna)
caia de 22,4% para algo entre 13%
e 22% até o final do ano.
Mas o secretário não garantiu
que o governo vá reduzir a indexação ao dólar porque o Banco
Central tem utilizado outros mecanismos para dar proteção cambial ao mercado.
O plano de financiamento da dívida informa ainda que o governo
poderá emitir ainda neste primeiro trimestre os US$ 4 bilhões necessários para honrar parte dos
compromissos externos do ano.
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