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São Paulo, quinta-feira, 06 de fevereiro de 2003

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CONTAS PÚBLICAS

Cenário apresentado pelo Tesouro já contempla a eclosão de uma guerra entre Estados Unidos e Iraque

Dívida do governo pode superar R$ 1 trilhão

SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Tesouro Nacional trabalha com a possibilidade de um aumento significativo da dívida do governo federal no mercado (interno e externo) em 2003, o que pode elevar o endividamento para até R$ 1,020 trilhão, segundo dados divulgados ontem.
Caso a dívida alcance esse número, o crescimento em relação a 2002 será de R$ 126,7 bilhões ou 14,2%. Entre 2001 e 2002, essa dívida aumentou 12,6%.
Ontem, o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, divulgou suas projeções para a dívida neste ano. Segundo ele, os cenários traçados já incluem a eclosão de uma guerra no Oriente Médio.
O aumento da dívida está relacionado à redução do excesso de dinheiro existente no mercado hoje. No ano passado, por causa da crise de confiança dos investidores no governo, o Tesouro teve de retirar títulos do mercado, pagando aos detentores dos papéis.
Agora, o Tesouro espera emitir mais títulos, reduzindo o volume de papéis de prazo curtíssimo que vêm sendo usados pelo Banco Central para diminuir o excesso de dinheiro no mercado.
Levy explicou que a guerra não necessariamente afetará a gestão da dívida se ela for curta. "A dívida é a poupança das pessoas. Você não vai deixar de poupar porque há guerra. Pelo contrário, provavelmente você nem vai gastar", comentou. O secretário lembrou ainda que o Tesouro tem reservas de R$ 50 bilhões.
Mas a guerra pode reduzir a possibilidade de queda nas taxas de juros, o que é um cenário adverso para a emissão de papéis prefixados, por exemplo. Esses papéis têm sua correção negociada no momento da venda. Portanto, se os juros estiverem subindo, os investidores não querem o título.
Para o Tesouro, porém, é melhor ter títulos prefixados na carteira justamente para reduzir a volatilidade. Na programação anunciada ontem, a idéia é elevar a participação de prefixados na dívida interna de 2,2% do total para até 15%.
O Tesouro não emite prefixados desde outubro de 2002. O plano divulgado ontem prevê a emissão de títulos de até dois anos de prazo de vencimento.
Levy também informou que pretende elevar a participação de títulos indexados à inflação na dívida total porque o Tesouro tem muitos créditos corrigidos dessa forma. A principal parcela desses créditos são as dívidas estaduais.
Ainda no sentido de reduzir a volatilidade, o Tesouro quer que a participação dos papéis corrigidos pelo dólar (dívida interna) caia de 22,4% para algo entre 13% e 22% até o final do ano.
Mas o secretário não garantiu que o governo vá reduzir a indexação ao dólar porque o Banco Central tem utilizado outros mecanismos para dar proteção cambial ao mercado.
O plano de financiamento da dívida informa ainda que o governo poderá emitir ainda neste primeiro trimestre os US$ 4 bilhões necessários para honrar parte dos compromissos externos do ano.


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