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São Paulo, quinta-feira, 06 de fevereiro de 2003

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VÍTIMAS DOS JUROS ALTOS

Motoboy não consegue pagar parcela de R$ 19

Fabiana Beltramin/Folha Imagem
José Roberto da Silva perdeu o emprego e não quitou dívida


DENISE CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O motoboy José Roberto da Silva tomou um empréstimo de R$ 115 na financeira Fininvest em janeiro de 2000, que seria pago em 11 prestações de R$ 19, com a primeira parcela à vista. Ficou desempregado no mês seguinte e, desde então, deixou de honrar o pagamento da dívida, que hoje, por causa dos juros, é de R$ 1.000.
Quando o pagamento é feito em dia, a Fininvest cobra juros de 9,9% ao mês. Em caso de atraso, a taxa sobe para 14,9%.
Desesperado, Silva tentou fazer um financiamento de uma moto no Banco do Brasil, em 2002, para trabalhar por conta própria. Mas teve o crédito negado porque seu nome está no SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), da Associação Comercial de São Paulo. O caso de Silva é um entre os de muitos brasileiros desesperados para "limpar" o nome.
Segundo o economista da ACSP, Marcel Solimeo, o aumento na taxa dos juros pelo Banco Central parece um fato abstrato, mas afeta a vida das pessoas. "Os juros interferem no crescimento da economia e na taxa de desemprego. Esses fatores têm um efeito direto na renda do trabalhador", afirma Solimeo.
Eliane Eufrazio dos Santos financiou uma máquina de lavar roupas na Casas Bahia em oito prestações de R$ 76. Segundo a rede, em compras parceladas em dez vezes sem entrada, os juros são de 3,43% ao mês. Santos disse não saber que estava pagando juros e que o preço da mercadoria à vista era mais baixo.


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