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São Paulo, quinta-feira, 06 de fevereiro de 2003

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TRABALHO

Central sindical critica governo e dá prazo até o Carnaval para que empresários negociem reajustes antecipados

Força ameaça com paralisações em março

Patrícia Santos - 04.fev.02/Folha Imagem
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, da Força Sindical, que se recupera de uma cirurgia sofrida no nariz


CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Força Sindical decidiu dar prazo até o Carnaval para que os empresários abram negociação para conceder reajustes antecipados e repor as perdas salariais de trabalhadores com data-base no segundo semestre. Caso contrário, ameaça iniciar protestos e paralisações já em março.
A estratégia foi aprovada ontem durante reunião da direção nacional da Força com 150 sindicalistas. O encontro definiu o lançamento de uma campanha salarial de emergência. O objetivo é pedir uma correção urgente nos salários porque os aumentos conquistados pelos trabalhadores com data-base no segundo semestre já estão defasados em mais de 50%, segundo estudo da subseção do Dieese do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
Os empregados dos setores metalúrgico, têxtil, químico e da alimentação receberam reajuste de 10,26% em novembro. Mas a inflação medida em novembro e dezembro foi de 6,18%, de acordo com o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE.
Nos cálculos da central, se confirmada a previsão de 3,63% de inflação (no acumulado de janeiro e fevereiro), a perda pode chegar ao final deste mês em 10,03%. Se a inflação registrada em março for de 1%, diz o estudo, o acumulado chegará a 11,13% -ou 0,79% acima do reajuste de 10,26% negociado em novembro.
"Se o governo não segura a inflação, nós não podemos segurar os salários", disse o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva.
O sindicalista criticou o governo federal por não ter uma política econômica "clara" e informou que a central vai pedir uma audiência com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
"Não queremos gatilho nem ser acusados de causar o descontrole da inflação. Mas o que estamos assistindo hoje é à continuidade da política econômica de FHC. Ou seja, juros altos e arrocho salarial", disse. Para o sindicalista, é preciso discutir garantias para repor as perdas salariais. "Será muito difícil ter crescimento econômico em um cenário de possível guerra e de alta do dólar."
Na próxima semana, pautas de reivindicação deverão ser encaminhadas aos sindicatos patronais de São Paulo. Paulinho disse que os metalúrgicos de Curitiba (PR), filiados à Força, já começaram a negociar com as montadoras, pedindo reajuste antecipado.
Os químicos e os trabalhadores da alimentação também já estão procurando os empresários para discutir a correção de emergência. Danilo Pereira da Silva, presidente da Fequimfar, federação que reúne 33 sindicatos do ramo químico no Estado de São Paulo, acredita que não será difícil mobilizar a categoria. "A partir de março o trabalhador vai sentir ainda mais o impacto da defasagem nos salários. Isso porque em dezembro havia o 13º salário e, no início do ano, as empresas pagam parte da participação nos lucros."
Se não houver acordo com os empresários, os trabalhadores podem recorrer à Justiça do Trabalho. A Força também vai convidar outras centrais -entre elas a CUT- a integrar a campanha. "As perdas atingem trabalhadores de todas as centrais. Se houver mais pressão, será mais fácil conseguir a correção", disse o secretário-geral da central, João Carlos Gonçalves.


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