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GUERRA DE PREÇOS
Alta do aço, de 12% a 15%, provoca polêmica entre os setores
Siderúrgicas atacam montadoras
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
TATIANA SCHNOOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O confronto entre os fabricantes
de aço e as empresas consumidoras do produto subiu de tom ontem, com ataques do presidente
do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia), José Armando Campos, ao setor automobilístico, que
lidera a ofensiva contra o reajuste
de preços da matéria-prima.
O IBS divulgou nota na qual
acusa as montadoras de veículos
de usarem o aumento do aço como "pretexto" para reajustar seus
próprios preços. Em janeiro, os
carros tiveram alta média de 4,1%,
a maior desde agosto de 1999, de
acordo com a Agência AutoInforme. As montadoras apontam a alta de 12% a 15% no preço do aço
em janeiro como uma das principais razões para a remarcação.
"Isso é uma brincadeira, e a Anfavea [associação que reúne as
montadoras de veículos] está
mentindo, usando de lobby para
persuadir o governo a tomar medidas de controle de preços", afirmou Campos em entrevista ontem no Rio.
A Anfavea e as entidades que
reúnem os fabricantes de máquinas, de eletroeletrônicos e de autopeças iniciaram uma ofensiva
em dezembro para tentar barrar o
aumento do aço, anunciado em
novembro.
A principal ação foi o pedido de
intervenção do governo, na forma
de eliminação do Imposto de Importação sobre o aço, redução do
volume de exportações do produto e adoção do Imposto de Exportação.
Maior concorrência
Luiz Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq (associação que
reúne os fabricantes de máquinas
e equipamentos), afirmou que as
entidades não pretendem que seja
adotado o controle de preços, mas
sim que aumente a concorrência.
Anteontem, as entidades voltaram à carga, com o envio de uma
carta ao governo na qual afirmam
que o reajuste dos preços do aço
poderia comprometer a meta de
inflação de 5,5% neste ano.
"A indústria automobilística
procura, via pressão no governo e
na mídia, ignorando o que ocorre
no mundo, continuar se abastecendo de aço barato", diz nota divulgada ontem pelo IBS.
Na manhã de ontem, durante
divulgação de resultados do setor
em janeiro, o presidente da Anfavea, Ricardo Carvalho, disse que
as siderúrgicas sempre adotaram
uma posição unilateral em relação aos reajustes de preços, apenas comunicando seu valor e a
data de adoção, sem negociação.
Carvalho acrescentou que algumas siderúrgicas ficaram mais flexíveis depois da reação dos consumidores. Delben Leite disse que
não constatou mudança de comportamento e que a negociação
continua a inexistir.
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