São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2004

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GUERRA DE PREÇOS

Alta do aço, de 12% a 15%, provoca polêmica entre os setores

Siderúrgicas atacam montadoras

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

TATIANA SCHNOOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

O confronto entre os fabricantes de aço e as empresas consumidoras do produto subiu de tom ontem, com ataques do presidente do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia), José Armando Campos, ao setor automobilístico, que lidera a ofensiva contra o reajuste de preços da matéria-prima.
O IBS divulgou nota na qual acusa as montadoras de veículos de usarem o aumento do aço como "pretexto" para reajustar seus próprios preços. Em janeiro, os carros tiveram alta média de 4,1%, a maior desde agosto de 1999, de acordo com a Agência AutoInforme. As montadoras apontam a alta de 12% a 15% no preço do aço em janeiro como uma das principais razões para a remarcação.
"Isso é uma brincadeira, e a Anfavea [associação que reúne as montadoras de veículos] está mentindo, usando de lobby para persuadir o governo a tomar medidas de controle de preços", afirmou Campos em entrevista ontem no Rio.
A Anfavea e as entidades que reúnem os fabricantes de máquinas, de eletroeletrônicos e de autopeças iniciaram uma ofensiva em dezembro para tentar barrar o aumento do aço, anunciado em novembro.
A principal ação foi o pedido de intervenção do governo, na forma de eliminação do Imposto de Importação sobre o aço, redução do volume de exportações do produto e adoção do Imposto de Exportação.

Maior concorrência
Luiz Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq (associação que reúne os fabricantes de máquinas e equipamentos), afirmou que as entidades não pretendem que seja adotado o controle de preços, mas sim que aumente a concorrência.
Anteontem, as entidades voltaram à carga, com o envio de uma carta ao governo na qual afirmam que o reajuste dos preços do aço poderia comprometer a meta de inflação de 5,5% neste ano.
"A indústria automobilística procura, via pressão no governo e na mídia, ignorando o que ocorre no mundo, continuar se abastecendo de aço barato", diz nota divulgada ontem pelo IBS.
Na manhã de ontem, durante divulgação de resultados do setor em janeiro, o presidente da Anfavea, Ricardo Carvalho, disse que as siderúrgicas sempre adotaram uma posição unilateral em relação aos reajustes de preços, apenas comunicando seu valor e a data de adoção, sem negociação.
Carvalho acrescentou que algumas siderúrgicas ficaram mais flexíveis depois da reação dos consumidores. Delben Leite disse que não constatou mudança de comportamento e que a negociação continua a inexistir.


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