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INVESTIMENTO
Endividamento terá teto
Lei vai limitar gastos de Estados nas PPPs
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os gastos dos Estados e da
União no âmbito das PPPs (Parcerias Público-Privadas) terão de
respeitar os limites de endividamento público definidos pelo Senado, de acordo com o que prevê
a LRF (Lei de Responsabilidade
Fiscal). Como muitos Estados estão no limite do endividamento
pela LRF, várias PPPs estaduais
podem não sair do papel.
Na proposta original do governo não estava claro o cumprimento da resolução de endividamento do Senado. Havia apenas
menção ao respeito à LRF.
Após receber muitas críticas da
oposição e de especialistas, de que
as PPPs abririam brechas de endividamento que poderiam prejudicar o equilíbrio fiscal de administrações futuras, o governo decidiu especificar as condições de
comprometimento das receitas
públicas nos empreendimentos
das PPPs.
A nova redação do texto da lei
foi acertada ontem pelo relator do
projeto, deputado Paulo Bernardo (PT-PR), com o secretário-executivo da Fazenda, Bernard
Appy, e o secretário do Tesouro
Nacional, Joaquim Levy.
Gastos no limite
Pela manhã, Bernardo já havia
conversado sobre o assunto com
o ministro Guido Mantega (Planejamento). O relator entende
que muitos Estados terão dificuldades para realizar investimentos
nos moldes atuais das PPPs.
"Quem não tiver como se endividar mais, não deve fazer [projetos de parceria]", disse.
Segundo a nova redação do
projeto, as diferentes esferas da
administração pública precisarão
comprovar "que as despesas ou as
dívidas criadas ou aumentadas
não afetarão as metas de resultados fiscais".
Bernardo lembra que, como os
projetos das PPPs são de longa
maturação (a lei menciona empreendimentos de até 30 anos), as
liberações de recursos públicos
também serão feitas parceladamente. Assim, diz ele, será levada
em consideração a evolução das
dívidas. Ou seja, as dívidas comprometerão parte dos limites de
endividamento a partir do momento que forem feitas, ano a
ano, e não de uma só vez.
Discordância
O PSDB ameaça complicar a votação do projeto das PPPs se um
dos principais pontos do texto
não for suprimido, o das precedências. Por essa regra, os empreendimentos realizados pelas
PPPs teriam preferência nos pagamentos públicos em relação a
outros projetos.
Pressionado pela oposição e por
deputados da própria base aliada,
o governo cedeu e criou três exceções. A primeira trata do pagamento de funcionários terceirizados. Antes, poderiam ficar sem
receber salários.
A segunda é para contratos fechados no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde). A terceira
exceção diz respeito a gastos
emergenciais, como os que o governo anunciou que fará para recuperar cidades atingidas pelas
enchentes no Nordeste.
Mesmo com as alterações, para
o deputado tucano Aloysio Nunes
Ferreira (SP), o governo deveria
eliminar a questão da precedência. "É uma coisa pífia [as exceções criadas], contraria o princípio da boa fé na contratação do
serviço público", disse.
Segundo Paulo Bernardo, o ministro Mantega não abre mão das
precedências, por considerar importante para a atração dos investimentos privados.
Para tocar as obras em parceria
com o setor privado, o governo
conta também com recursos dos
fundos de pensão. O Ministério
do Planejamento estima que as
entidades de previdência privada
têm condições de investir entre
R$ 9,5 bilhões e R$ 19 bilhões.
Essa estimava é mais otimista
que os valores previstos pelos
fundos de pensão, entre R$ 4 bilhões e R$ 10 bilhões. Para investir, os fundos o esperam receber
uma remuneração maior que a
paga pelos títulos públicos.
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