São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2004

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LEITE DERRAMADO

Presidente no país afirma que matriz já autorizou a venda

Parmalat do Brasil diz que venderá parte das unidades

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Parmalat Alimentos deverá se desfazer de parte de suas indústrias no Brasil, disse ontem o presidente da empresa no país, Ricardo Gonçalves, em depoimento na comissão criada na Câmara dos Deputados para o caso. O aval foi dado pela matriz, na Itália. A empresa de leites Itambé informou à Folha que tem interesse nas fábricas em Garanhuns (PE), Itaperuna (RJ) e Santa Helena (GO).
A empresa começou a traçar um projeto de reestruturação que passa pela venda de ativos e pela redução no número de diretores, além de uma possível mudança de sede, apurou a Folha. O número de diretores (seis) pode ser reduzido à metade, segundo o projeto comandado pela consultoria Galeazzi & Associados. O grupo não comenta a informação.
"A sobrevivência da Parmalat é uma questão de dias. Não estamos falando em semanas, estamos falando em dias. Quantos dias vão ser? Eu não tenho uma explicação", afirmou Gonçalves.
Ele disse que o interventor italiano, Enrico Bondi, autorizou a venda e que propostas já foram recebidas. Afirmou que a venda é a solução viável para a continuidade das atividades, pois será possível fazer caixa rapidamente. A empresa precisa de R$ 75 milhões para continuar operando.
Gonçalves, Ivan Zorzo, contador da Parmalat, Alpoim da Silva, representante do Comitê de Fiscalização da Parmalat, e Carlos Monteiro, ex-diretor financeiro da empresa, deram explicações ontem sobre a situação da companhia à comissão na Câmara.
"Eu acho muito difícil saber qual será o resultado final [da crise no Brasil]. Mas, se olharmos os credores que existem na área financeira e o interesse de empresas em adquirir parte ou a totalidade [das indústrias], eu acredito que, sem sombra de dúvida, a solução deveria ser por meio da venda", afirmou Gonçalves.
Um dos problemas que agravaram a situação, diz, foi a interrupção do envio, da Itália, de recursos acertados para a reestruturação no Brasil. Gonçalves afirmou que os recursos variavam a cada mês, de R$ 10 milhões a R$ 30 milhões.

Lei de Falências
Uma alternativa sugerida por Gonçalves é a publicação de uma medida provisória que antecipe as novas regras da Lei de Falências, em discussão no Senado, pois permitiria à empresa captar novos recursos no mercado.
A edição de uma MP, no entanto, será "muito difícil", segundo afirmou ontem o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, por meio de sua assessoria.
Silva, designado pela Justiça para fiscalizar as contas da companhia, diz que verificou, após análises, uma "empresa com uma administração eficiente e transparente". Ele afirma que o total de ativos é de R$ 554 milhões, e o de passivos, de R$ 828 milhões.
Monteiro, citado em interrogatórios de funcionários na Itália como um dos homens que comandaram operações que desviaram recursos do grupo, disse estimar que a dívida da Parmalat Participações seja de R$ 1,3 bilhão.


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