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LEITE DERRAMADO
Presidente no país afirma que matriz já autorizou a venda
Parmalat do Brasil diz que venderá parte das unidades
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Parmalat Alimentos deverá se
desfazer de parte de suas indústrias no Brasil, disse ontem o presidente da empresa no país, Ricardo Gonçalves, em depoimento na
comissão criada na Câmara dos
Deputados para o caso. O aval foi
dado pela matriz, na Itália. A empresa de leites Itambé informou à
Folha que tem interesse nas fábricas em Garanhuns (PE), Itaperuna (RJ) e Santa Helena (GO).
A empresa começou a traçar
um projeto de reestruturação que
passa pela venda de ativos e pela
redução no número de diretores,
além de uma possível mudança
de sede, apurou a Folha. O número de diretores (seis) pode ser reduzido à metade, segundo o projeto comandado pela consultoria
Galeazzi & Associados. O grupo
não comenta a informação.
"A sobrevivência da Parmalat é
uma questão de dias. Não estamos falando em semanas, estamos falando em dias. Quantos
dias vão ser? Eu não tenho uma
explicação", afirmou Gonçalves.
Ele disse que o interventor italiano, Enrico Bondi, autorizou a
venda e que propostas já foram
recebidas. Afirmou que a venda é
a solução viável para a continuidade das atividades, pois será
possível fazer caixa rapidamente.
A empresa precisa de R$ 75 milhões para continuar operando.
Gonçalves, Ivan Zorzo, contador da Parmalat, Alpoim da Silva,
representante do Comitê de Fiscalização da Parmalat, e Carlos
Monteiro, ex-diretor financeiro
da empresa, deram explicações
ontem sobre a situação da companhia à comissão na Câmara.
"Eu acho muito difícil saber
qual será o resultado final [da crise no Brasil]. Mas, se olharmos os
credores que existem na área financeira e o interesse de empresas em adquirir parte ou a totalidade [das indústrias], eu acredito
que, sem sombra de dúvida, a solução deveria ser por meio da venda", afirmou Gonçalves.
Um dos problemas que agravaram a situação, diz, foi a interrupção do envio, da Itália, de recursos
acertados para a reestruturação
no Brasil. Gonçalves afirmou que
os recursos variavam a cada mês,
de R$ 10 milhões a R$ 30 milhões.
Lei de Falências
Uma alternativa sugerida por
Gonçalves é a publicação de uma
medida provisória que antecipe
as novas regras da Lei de Falências, em discussão no Senado,
pois permitiria à empresa captar
novos recursos no mercado.
A edição de uma MP, no entanto, será "muito difícil", segundo
afirmou ontem o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, por
meio de sua assessoria.
Silva, designado pela Justiça para fiscalizar as contas da companhia, diz que verificou, após análises, uma "empresa com uma administração eficiente e transparente". Ele afirma que o total de
ativos é de R$ 554 milhões, e o de
passivos, de R$ 828 milhões.
Monteiro, citado em interrogatórios de funcionários na Itália
como um dos homens que comandaram operações que desviaram recursos do grupo, disse estimar que a dívida da Parmalat Participações seja de R$ 1,3 bilhão.
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