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MERCADO FINANCEIRO
Ibovespa fecha em baixa pelo segundo dia consecutivo; em dois dias, perdas já alcançam 5,34%
Bolsa recua ao pior nível desde dezembro
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo segundo dia consecutivo, a
Bovespa fechou em forte queda.
Ontem, o recuo foi de 2,73%, o
que levou o índice do Ibovespa
(que mede a oscilação das 54
ações mais negociadas) aos 21.091
pontos, o mais baixo nível desde
os 20.759 pontos registrados em
meados de dezembro passado.
Em dois dias, a Bolsa caiu 5,34%.
Desta vez, segundo analistas,
não houve uma razão específica,
como anteontem, quando se espalharam boatos sobre a demissão do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que obrigaram a desmentidos do próprio
BC e do governo. Mas os investidores avaliam que permanece
uma dissonância entre os discursos da equipe econômica e de
membros do governo. O que alimenta especulações.
Depois de operar em ligeira
queda pela manhã, a Bolsa chegou a subir 1,03%, na retomada,
quando já se sabia das declarações do presidente Lula, que minimizara o "nervosismo do mercado". "O mercado está nervoso?
Eu, não", disse o presidente.
A despeito do otimismo de Lula, a melhora não se sustentou e o
movimento de queda se intensificou no final da tarde. "Preocupa,
por exemplo, os rumos que o BC
tomará em relação à política monetária. E, no atual estágio, até
questões que teriam peso menor,
como o contingenciamento de
verbas, assumem relevância", diz
Luis Fernando Lopes, economista-chefe do Pátria banco de negócios. "Essa situação só vai melhorar quando houver indicativo de
que a inflação está em queda ou
algum dado novo de aumento de
atividade econômica", completa.
No mercado de câmbio, o BC
não precisou intervir para puxar a
cotação do dólar, que fechou em
alta de 0,41%, a R$ 2,932. E a tendência, segundo analistas, é a de
que, como o nervosismo persiste,
a cotação permanecerá a subir.
A piora nas perspectivas de curto prazo se refletem na cotação do
C-Bond, principal título da dívida, que caiu 0,9%, cotado a
96,25% de seu valor de face. Como conseqüência, o risco-país
avançou mais um pouco: de 523
pontos, anteontem, para 548 pontos ontem. "Não passa pela cabeça de ninguém que o cenário azul
para o ano mude. Mas, se o discurso do governo não se unificar,
se essa degradação do risco-país
persistir, acaba afetando o custo
do dinheiro e as perspectivas", diz
Álvaro Bandeira, da corretora
Ágora Sênior.
(JOSÉ ALAN DIAS)
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