São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCADO FINANCEIRO

Ibovespa fecha em baixa pelo segundo dia consecutivo; em dois dias, perdas já alcançam 5,34%

Bolsa recua ao pior nível desde dezembro

DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo segundo dia consecutivo, a Bovespa fechou em forte queda. Ontem, o recuo foi de 2,73%, o que levou o índice do Ibovespa (que mede a oscilação das 54 ações mais negociadas) aos 21.091 pontos, o mais baixo nível desde os 20.759 pontos registrados em meados de dezembro passado. Em dois dias, a Bolsa caiu 5,34%.
Desta vez, segundo analistas, não houve uma razão específica, como anteontem, quando se espalharam boatos sobre a demissão do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que obrigaram a desmentidos do próprio BC e do governo. Mas os investidores avaliam que permanece uma dissonância entre os discursos da equipe econômica e de membros do governo. O que alimenta especulações.
Depois de operar em ligeira queda pela manhã, a Bolsa chegou a subir 1,03%, na retomada, quando já se sabia das declarações do presidente Lula, que minimizara o "nervosismo do mercado". "O mercado está nervoso? Eu, não", disse o presidente.
A despeito do otimismo de Lula, a melhora não se sustentou e o movimento de queda se intensificou no final da tarde. "Preocupa, por exemplo, os rumos que o BC tomará em relação à política monetária. E, no atual estágio, até questões que teriam peso menor, como o contingenciamento de verbas, assumem relevância", diz Luis Fernando Lopes, economista-chefe do Pátria banco de negócios. "Essa situação só vai melhorar quando houver indicativo de que a inflação está em queda ou algum dado novo de aumento de atividade econômica", completa.
No mercado de câmbio, o BC não precisou intervir para puxar a cotação do dólar, que fechou em alta de 0,41%, a R$ 2,932. E a tendência, segundo analistas, é a de que, como o nervosismo persiste, a cotação permanecerá a subir.
A piora nas perspectivas de curto prazo se refletem na cotação do C-Bond, principal título da dívida, que caiu 0,9%, cotado a 96,25% de seu valor de face. Como conseqüência, o risco-país avançou mais um pouco: de 523 pontos, anteontem, para 548 pontos ontem. "Não passa pela cabeça de ninguém que o cenário azul para o ano mude. Mas, se o discurso do governo não se unificar, se essa degradação do risco-país persistir, acaba afetando o custo do dinheiro e as perspectivas", diz Álvaro Bandeira, da corretora Ágora Sênior. (JOSÉ ALAN DIAS)


Texto Anterior: Análise: Opiniões extremas emperram debate
Próximo Texto: O vaivém das commodities
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.