|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CORDA NO PESCOÇO
Dado consta de relatório divulgado ontem pelo Tesouro; redução de dívida externa está programada
Governo prevê dívida acima de R$ 1 trilhão
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo trabalha com a expectativa de que sua dívida no
mercado aumente em termos
reais durante este ano, quando
deverá superar R$ 1 trilhão. Além
disso, está programando uma redução da dívida externa renegociada até 1994.
De acordo com o Plano Anual
de Financiamento, divulgado ontem pelo Tesouro Nacional, o total da dívida (interna e externa)
deve subir de R$ 965,8 bilhões em
2003 para algo entre R$ 1,080 trilhão e R$ 1,150 trilhão em 2004,
dependendo do cenário mais ou
menos otimista que for utilizado.
As metas de superávit primário
(receitas menos despesas, exceto
pagamento de juros) fixadas pelo
governo tem justamente o objetivo de reduzir a dívida pública.
Mas a dívida em mercado, que é a
maior parte da dívida total, depende de outras condições para
ser reduzida em relação ao PIB.
Uma delas é o excesso ou não de
dinheiro no mercado.
Mesmo registrando superávit
nos últimos anos, a dívida líquida
do setor público -que inclui Estados e municípios e desconta o
que os governos têm a receber-
vem subindo. Nesta semana, o
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) disse que a dívida líquida do setor público vai cair pela
primeira vez em 2004 em relação
ao PIB (Produto Interno Bruto).
Ontem, o secretário do Tesouro,
Joaquim Levy, disse que a dívida
do governo no mercado deve subir em relação ao PIB porque os
investidores devem trocar parte
das operações de curto prazo que
fazem com o Banco Central por títulos mais longos do Tesouro.
Essas operações aumentaram
muito, principalmente em 2002,
porque os investidores ficaram
receosos de comprar títulos de
longo prazo. Os títulos que o BC
emite não são considerados dívida e atingiram R$ 55,7 bilhões no
final do ano passado.
Além da maior procura por títulos, Levy citou as operações de
recomposição das reservas internacionais. O governo precisa de
reais captados no mercado para
trocá-los pelos dólares que vão
entrar nas reservas. Em relação ao
PIB, a dívida em mercado deve
subir de 63,1% em 2003 para algo
entre 64,2% e 68,3% neste ano.
A divida em mercado a vencer
neste ano é de R$ 326,4 bilhões,
mas os orçamentários previstos
para o pagamento desta dívida
são de apenas R$ 73,5 bilhões. Ou
seja, o governo precisa recorrer ao
mercado para refinanciar R$
252,9 bilhões.
Dívida externa
A redução da dívida externa renegociada está entre os objetivos
para o ano. "Será feita se houver
possibilidade", disse o secretário-adjunto do Tesouro José Antonio
Gragnani. O governo quer reduzir
essa dívida porque ela está ligada
à moratória da dívida externa.
De qualquer forma, por causa
da redução da parcela da dívida
corrigida pelo dólar, o endividamento em moeda estrangeira deve cair de R$ 341,6 bilhões em
2003 para R$ 320,1 bilhões neste
ano. O número considera uma rolagem (substituição de contratos
antigos por novos) dos contratos
cambiais de 100%, mas ela deverá
ser menor.
A parcela da dívida interna corrigida pelo dólar, que foi de 23,7%
no final de 2003, deverá ficar entre
12,6% e 19,3% neste ano. O plano
informa que o governo não prevê
a emissão de NTN-D's em 2004. O
título é corrigido pelo dólar.
Gragnani explicou que os cenários para a dívida já levam em
conta uma provável alta das taxas
de juros norte-americanas.
Texto Anterior: Tele: Anatel terá controle sobre dados da Embratel Próximo Texto: Finanças globais: Zona do euro mantém juros em 2% Índice
|