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Empresa usa mais recursos para expansão
MAELI PRADO
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O destino dos recursos captados pelas empresas por meio da
emissão de ações sofreu uma
mudança importante de 2006
para 2007. Um dos destaques é
o menor montante destinado à
redução de passivo, que foi de
31,3% do total em 2006 para
9,7% no ano passado. Outro é a
elevação da parcela dirigida a
atividades operacionais e de infra-estrutura, que cresceu de
25,4% para 33,7% no período.
Esses dados, levantados pela
Anbid (Associação Nacional
dos Bancos de Investimento),
se referem às emissões primárias de ações (que ocorrem nas
aberturas de capital), que alcançaram R$ 39,8 bilhões em
2007 -aumento de 139,8%
diante do ano anterior.
Outra mudança relevante foi
a da parcela destinada ao capital de giro -que serve para suprir necessidades de recursos
para operações corriqueiras,
como comprar e vender mercadorias. O segmento ficou com
22% do capital levantado em
2007, contra 11,3% em 2006.
Para Luiz Fernando Resende, vice-presidente da Anbid, o
aumento do capital de giro como destinação dos recursos
captados com IPOs pode ser
explicado pela queda dos recursos destinados à redução de
passivo. "Como as empresas
destinaram menos recursos para reduzir seus passivos em
2007, mais recursos foram para
capital de giro. Provavelmente
isso aconteceu porque em 2006
elas já haviam captado para reduzir suas dívidas", afirmou.
Em 2006, a parcela destinada
à redução de passivo (31,3% do
total) teve a maior participação. Em 2007, a liderança ficou
com as atividades operacionais
e de infra-estrutura (33,7% do
total). As atividades operacionais são as principais geradoras
de receita das empresas.
Para Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, o aumento dos recursos destinados
a atividades operacionais pode
ser explicado pelo bom momento da economia, que estimulou as empresas a investirem em sua atividade. "A economia deve ter crescido mais
de 5% em 2007 e em 2008 mais
4,5%. Isso incentiva as empresas a investirem em seu próprio
negócio, na sua atividade operacional. É fruto da alavancagem do crescimento", afirma.
Quando se analisa a destinação dos recursos captados com
debêntures, os destaques são a
elevação dos recursos para capital de giro -que sobem de
42% para 65,5% entre 2006 e
2007- e a maior participação
do alongamento de dívidas como destino final. O alongamento de dívidas com dinheiro captado via emissão de debêntures
cresceu de 11%, em 2006, para
24,1% no ano passado.
As debêntures são títulos que
as empresas lançam para captar recursos no mercado de capitais, sendo na história recente a forma mais procurada de
emissão. Esses títulos pagam
juros e vencem após determinado prazo, podendo ser resgatados. Como a taxa básica Selic
sofreu reduções ao longo de
2007, o custo para se captar por
meio de debêntures recuou em
relação ao ano anterior.
"O perfil mudou. As empresas reestruturaram seu passivo,
saindo do curto prazo para o
longo prazo, e renegociaram as
taxas de juros. Ou seja, alongaram o prazo com taxas menores", afirma Rodrigues.
As companhias captaram R$
46,5 bilhões por meio da emissão de debêntures em 2007.
Este ano começou bastante
turbulento para os mercados financeiros mundiais. E o Brasil
não conseguiu se isolar. Nesse
cenário adverso, as empresas
nacionais têm preferido, em
muitos casos, adiar emissões de
ações e debêntures que já tinham planejado.
A Duke Energy International
Geração Paranapanema, por
exemplo, decidiu suspender, há
duas semanas, a emissão de debêntures que havia planejado
devido ao cenário turbulento. A
empresa pretendia captar R$
750 milhões com os títulos.
No caso dos IPOs (oferta inicial de ações), que totalizaram
64 operações em 2007, ainda
não houve nenhuma neste ano.
Luiz Antonio Vaz das Neves,
da KNA Consultores, diz acreditar que o número de IPOs será muito menor neste ano. "As
companhias estão mais relutantes e têm se deparado com
um cenário mais complicado
para conseguir emitir ações.
Muita gente que conseguiu lançar ações no ano passado teria
dificuldades maiores se decidisse fazer isso neste ano", diz.
Até o momento, há 28 pedidos de lançamentos de ações
parados na CVM (Comissão de
Valores Mobiliários), à espera
de serem liberados e de uma
melhora no humor do mercado. Ver seu IPO fracassar, com
baixa procura, é ruim para uma
companhia não só por frustrar
seus projetos, mas também por
sinalizar que a empresa não
despertou interesse em seus
potenciais investidores.
Segundo Resende, da Anbid,
neste ano as empresas devem
usar mais a emissão de debêntures para alavancar seus negócios. "Vivemos uma crise mundial, a volatilidade é muito
grande nas Bolsas, e é mais difícil realizar emissão de ações."
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