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VÔO ERRÁTICO
Estrangeiros, principalmente asiáticos, financiaram 10,9% da dívida, ou US$ 3,74 tri, em 2003, alta de 20% sobre 2002
Dependência externa dos EUA bate recorde
GIULIANO GUANDALINI
DA REDAÇÃO
O endividamento externo dos
EUA atingiu níveis sem precedentes no ano passado. Num reflexo
do crescente déficit público do
país e do profundo endividamento de sua população, os norte-americanos nunca foram tão dependentes do capital estrangeiro.
Segundo relatório do Federal
Reserve (banco central dos EUA),
a fatia da dívida que está nas mãos
de investidores estrangeiros cresceu 20% e atingiu, ao final do ano
passado, a marca de US$ 3,742 trilhões. Em 2002, tinha ficado em
US$ 3,131 trilhões. Os números
são relativos ao endividamento
externo total do setores público
(federal, estadual e municipal) e
privado (empresas e famílias).
Ao final do ano passado, os estrangeiros possuíam 10,9% dos títulos públicos e privados da dívida americana, ante 9,9% em 2002.
Trata-se do maior percentual já
registrado, ou seja, a parcela do
endividamento americano que
está nas mãos dos estrangeiros
nunca tinha sido tão grande.
Há dez anos, os estrangeiros detinham cerca de 7% da dívida
norte-americana. Em 1982, a participação era de 4,4%, e, em 1952,
o percentual era de apenas 1,1%.
Ainda de acordo com o Fed, os
investidores e governos estrangeiros compraram, em 2003, o equivalente a 22,6% dos novos títulos
emitidos (ou US$ 611,2 bilhões). O
interesse externo pela aquisição
de papéis americanos não era tão
elevado desde 96, quando os estrangeiros ficaram com 27,7% dos
títulos colocados à venda.
Simbiose
Os números expressam a relação de simbiose vivida pelos EUA
e pelos países asiáticos, situação
que se exacerbou em 2003. Isso
porque são os asiáticos, sobretudo o Japão, que compram a maior
parte dos papéis americanos.
De um lado, os EUA ganham
porque conseguem financiar os
chamados déficits gêmeos, nas
contas internas e externas, ambos
superiores a US$ 500 bilhões ao
ano -ou o equivalente a 5% do
PIB (Produto Interno Bruto).
Já os asiáticos se beneficiam
porque, ao financiar os déficits,
sustentam o consumo voraz dos
americanos por produtos "made
in Japan" e "made in China".
Os asiáticos também acumulam
grandes reservas em dólares como estratégia comercial. Ao comprar dólares, esses países enfraquecem suas moedas diante da
norte-americana, o que torna os
seus produtos mais competitivos.
O relatório do Federal Reserve
mostra ainda que a dívida do país,
excluindo-se o setor financeiro,
cresceu em 2003 no ritmo mais
elevado desde os anos 80. O endividamento das famílias americanas cresceu 10,4%, maior expansão registrada desde 1987.
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