São Paulo, sábado, 06 de março de 2010

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Juros vão amenizar pressão inflacionária, dizem especialistas

Alta da Selic de até 2,5 pontos percentuais é consenso; dúvida é sobre o início da elevação

DA SUCURSAL DO RIO

Não há, entre especialistas, consenso se o atual cenário de alta da inflação é apenas um choque de oferta ou se o consumo mais intenso estimula reajustes maiores de preços de bens e serviços. A única certeza é que os juros subirão neste ano até 2,5 pontos percentuais.
Hoje em 8,75% ao ano, a Selic deve subir para até 11,25% ao final de 2010, segundo previsão de especialistas. Desse modo, não haveria risco de forte pressão inflacionária, e o IPCA tenderia a ficar na casa de 5% -pouco acima do centro da meta de 4,5%.
Se há consenso de que os juros vão subir, o mesmo não ocorre sobre quando e por qual período a política agirá. Um grupo de economistas sustenta que a mudança da Selic só deve começar em junho; outro, neste mês ou em abril.
Para Fábio Romão, da LCA, a inflação está sob controle -apesar da resistência dos serviços e da pressão pontual de alimentos e transporte- e uma elevação da Selic só deve vir em junho. O aumento será, prevê, em suaves doses, perdurando até o final deste ano.
Já Bernardo Wjuniski, da Tendências, diz que o BC vai elevar a Selic já em abril e chegar ao fim do ano com uma alta de 2,5 pontos percentuais.
"O BC sabe que a inflação atual é provocada mais por um choque de oferta principalmente por fatores sazonais, como a chuva. Ao sinalizar sua preocupação com a inflação, ele está mais de olho na deterioração das expectativas quanto aos índices futuros, o que pode realimentar a inflação."
Ou seja, o BC está mais preocupado com a inflação de 2011 ao apertar a política monetária agora do que com a de 2010. Romão tem a mesma opinião.
Já para Felipe Bueno, da Rosenberg e Associados, sem a alta dos juros agora, o aquecimento da economia levaria a inflação a estourar o teto da meta deste ano -de 6,5%. A ação do BC, diz, deve ter início em abril e aumentar em até dois pontos percentuais a Selic.
"Isso vai representar, mesmo que com uma defasagem de dois ou três meses, um efeito forte para conter o IPCA neste ano", diz o economista.
Na visão dele, a maior fonte de preocupação vem dos preços "indexados" dos serviços. As altas de alimentos e combustíveis, prevê, serão passageiras.
Para Romão, o BC foca, de fato, mais a pressão inflacionária de 2011 e está atento principalmente ao comportamento dos serviços.
Os preços administrados, diz, e os alimentos não preocupam tanto. O primeiro grupo, pondera, beneficia-se da inflação mais baixa em 2009, que corrige os contratos deste ano. Já o segundo não encontra espaço para subir em razão da ainda combalida economia global, que não permite altas expressivas de commodities.


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