São Paulo, sábado, 06 de março de 2010

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Coleção de inverno é maior e tem mais importados

Com o fim da crise, lojistas aumentam pedidos em 10%, em média, em relação a 2009

Câmbio favorável beneficia importação, principalmente da China; preços devem subir entre 5% e 10% com a alta do custo dos insumos

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A coleção outono-inverno que começa a chegar às lojas neste mês está maior, mais cara e com mais oferta de artigos importados do que a de 2009.
Passado o susto da crise, lojistas aumentaram em 10%, em média, as encomendas de roupas para o frio. Há casos de crescimento de até 40% na comparação com 2009.
Com a taxa de câmbio mais favorável à importação, o comércio optou também por trazer mais peças do exterior, principalmente da China, segundo confecções e lojas consultadas pela Folha.
As confecções e as lojas esperam, com esse mercado mais favorável, recuperar margens de lucro. Os preços das roupas de inverno devem ser entre 5% e 10% maiores do que no ano passado, como consequência da alta de custos dos insumos, segundo as confecções. Há anos os preços das roupas sobem menos do que a inflação, segundo levantamento da Fipe.
As confecções brasileiras produzem cerca de 6,5 bilhões de peças por ano. A coleção outono-inverno representa cerca de 30% a 35% desse volume. Se o mercado continuar no ritmo em que está, segundo confecções, a produção pode passar de 7 bilhões de peças neste ano.
"Não podemos dizer que o setor têxtil saiu da crise que enfrenta há anos por conta da concorrência desleal com importados e da alta carga tributária, mas este ano parece que vai ser bem mais favorável", diz Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit -associação que reúne as tecelagens e as confecções.
"A previsão de que a economia brasileira cresça 5% neste ano estimula o consumidor e, em consequência, o lojista, segundo Ronald Masijah, presidente do Sindivestuário -sindicato que representa cerca de 10 mil confecções paulistas.

Sem mercadoria
"Em 2008, faltou mercadoria para o inverno. Em 2009, as vendas caíram por conta da crise. Neste ano, o consumidor está ávido para comprar. É o que sentimos neste momento."
A TVZ, confecção de roupas femininas com 15 lojas próprias e 25 franqueadas, elevou em 40%, para 200 mil peças, a produção da coleção outono-inverno neste ano na comparação com a do ano passado.
"O mercado está bem mais aquecido depois que passou o susto da crise. Já sentimos isso no final do ano passado, quando a procura pela coleção de verão aumentou 35%", afirma Alexandre Zolko, sócio-proprietário da TVZ. O consumidor mais confiante levou a empresa a lançar uma marca de sapatos -a My Shoes- para também ser franqueada.
A TVZ importa da China 100% dos tecidos para produção de suas roupas. Com o dólar mais favorável, pretende também trazer peças prontas do exterior. "Estou indo para a China para fechar negócio com fábricas chinesas", afirma Zolko, que pretende subir para 30% a participação dos importados nas próximas coleções.
A confecção Controvento, especializada em roupas femininas, vai elevar entre 10% e 12% a produção da coleção outono-inverno deste ano.
"O primeiro semestre do ano passado foi desastroso. Os lojistas estavam apavorados e sem dinheiro. Neste ano, o espírito do varejista é outro, e o crédito voltou para ele", diz Stefanos Anastassiadis, sócio-proprietário da Controvento.
Eliana Penna Moreira, sócia-proprietária da Lita Mortari, confecção com seis lojas, optou por expandir em 10% a produção de peças de inverno neste ano. "Também decidi antecipar o lançamento da coleção outono-inverno porque havia demanda", afirma Moreira.
As confecções informam que poderiam estar produzindo mais se não fosse a concorrência desleal com os importados.
"O produto brasileiro é melhor e pode ser entregue rapidamente para os lojistas. O setor de vestuário atravessa um momento de transição por conta da concorrência cada vez maior com os importados", diz Anastassiadis.


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