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Alemanha diz que Grécia não precisa de dinheiro agora
Gregos não pediram ajuda financeira, diz a chanceler Angela Merkel; Parlamento aprova pacote que economizará 4,8 bi
Medidas do pacote preveem congelamento de pensões, redução do 13º e do 14º salários de servidores e mais imposto sobre mercadorias
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
Enquanto a tensão subia nas
ruas de Atenas, Berlim tratou
de jogar água fria na eventual
expectativa por um resgate financeiro imediato à Grécia. Em
vez disso, ao receber o premiê
grego, a chanceler Angela Merkel renovou seu apoio político a
George Papandreou.
"A Grécia não nos pediu ajuda financeira", disse Merkel
após a reunião, em entrevista
coletiva citada por agências de
notícias. "A zona do euro está
estável no momento. Não podemos prever cenários para os
próximos dez anos, mas a questão não se colocou hoje, e trabalhamos para que não se coloque
no futuro. Estou otimista."
A Alemanha é o país mais rico da Europa e visto, assim, como provável origem de um socorro financeiro, já que o estatuto da moeda comum veta um
pacote nos moldes tradicionais
do Banco Central Europeu.
Mas a rejeição da população é
alta, com eco na mídia alemã.
Papandreou chegou a declarar que não queria "um centavo" do contribuinte alemão e
repisou que o que precisava era
do compromisso de que Atenas
não ficaria na mão se precisasse
de crédito para rolar sua dívida,
hoje maior do que o PIB.
Em troca, prometeu um rigoroso ajuste fiscal e cortar seu
deficit orçamentário de 12,7%
do PIB para 2,8% até 2013.
Anunciou três pacotes em
cinco meses. O mais drástico
deles foi chancelado ontem pelo Parlamento e prevê congelar
pensões, subir o imposto sobre
mercadorias e reduzir o 13º e o
14º salários dos servidores públicos, entre outras coisas, economizando 4,8 bilhões.
As medidas ressoaram bem
fora do país. Arrancaram elogios da União Europeia e
aplausos do mercado, que acorreu com uma demanda três vezes acima da oferta de 5 bilhões em títulos gregos de dez
anos emitidos anteontem.
Pela primeira vez desde o
início da crise, o ágio sobre os
papéis recuou, embora pouco.
Atenas ganhou fôlego, e a avaliação geral em relatórios de
bancos internacionais é que os
gregos podem respirar com
mais tranquilidade nas próximas rolagens -cerca de 23
bilhões entre abril e maio.
O banco JPMorgan-Chase
afirma, por exemplo, que apenas o apoio político da UE, por
ora, pode ser suficiente. E é só o
que há por enquanto.
Pela manhã, Papandreou se
reuniu em Luxemburgo com
Jean-Claude Juncker, que preside o grupo do euro. O saldo
foi o mesmo de Berlim: "Não
acho que uma ação será necessária", afirmou Juncker, segundo o "Financial Times".
Amanhã, Papandreou segue
para Paris, e terça, para Washington, onde será recebido
por Barack Obama. Apesar do
discurso de que não precisa de
dinheiro agora, o governo grego cobra o compromisso e se
diz pronto para procurar o
FMI se a UE faltar na hora H.
Juncker ecoou o BCE e rejeitou a ideia, dizendo que o problema "é da zona do euro e na
zona do euro deve ser resolvido". "Precisamos é de assistência técnica do FMI, mas eles
não devem tomar a dianteira."
Já o efeito doméstico das
medidas -que, no fim das contas, determinará sua viabilidade- ainda é dúbio. Há apoio na
mídia e nas pesquisas, mas centenas protestaram ontem no
centro de Atenas em ato que
descambou para a pancadaria
entre manifestantes e a polícia.
O maior sindicato do país, o
GSEE, apoia Papandreou, mas
critica a UE pelo excesso de rigor com Atenas. Ontem, a entidade convocou outra greve geral para o dia 11 para protestar
contra o arrocho que, diz, atinge os setores mais vulneráveis.
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