|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Obama incha máquina pública em 2009
Governo dos EUA cria 60 mil postos de trabalho, maior número desde 2000, enquanto setor privado elimina 5,9 milhões de vagas
Incremento é atribuído
a pacote de estímulo e a
contratações para o Censo;
sindicalizados do setor
público passam a ser maioria
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O primeiro ano de Barack
Obama na Presidência dos
EUA foi de aumento das contratações do setor público. O
governo federal alcançou o
maior patamar de novas vagas
desde 2000, com acréscimo de
60 mil postos de trabalho.
O inchaço da máquina tem
sido destacado pela oposição
nas discussões sobre o mercado
de trabalho. Na prática, o aumento de vagas no governo é
resultado tanto do pacote de
estímulo à economia, com valor inicial aprovado de US$ 787
bilhões, quanto da antecipação
de contratações para a realização do Censo neste ano.
"Em 2009 foram adiantadas
muitas contratações para treinar funcionários para o Censo",
diz Gary Burtless, analista do
Instituto Brookings.
De outro lado, no setor privado a perda de vagas em 2009 ficou em 5,9 milhões.
Em janeiro, o governo federal contratou mais 33 mil pessoas. Desse total, 9.000 vagas
eram destinadas ao Censo. No
âmbito dos governos locais
(prefeituras e condados) e estaduais, o cenário de contratações diretas não se repete com
o mesmo vigor. Os governos estaduais contrataram 3.000 pessoas em 2009, e os governos locais tiveram um saldo médio
negativo de 29 mil vagas.
O desemprego é hoje o fator
principal a afetar a popularidade do presidente. Com taxa de
desocupação de 9,7% em fevereiro,
Obama elegeu a criação de vagas como prioridade neste ano.
Tramita no Congresso um
pacote de US$ 15 bilhões que
enfatiza principalmente a isenção de impostos para pequenas
empresas que contratarem.
O governo Obama afirma que
o pacote de estímulo à economia resultou na preservação ou
na criação de 2 milhões de empregos. Relatório do Conselho
de Economistas da Casa Branca diz que, apesar da pressão
sobre os governos estaduais para a realização de cortes e demissões, um alívio fiscal de US$
60 bilhões contido no plano fez
com que no quarto trimestre as
vagas voltassem a crescer.
No Relatório Econômico do
Presidente, enviado ao Congresso, Obama afirma que tão
importante quanto criar vagas
no setor privado é tomar as medidas adequadas para evitar a
demissão de servidores como
professores, bombeiros e policiais. "Isso prejudicaria nossas
comunidades."
Sindicalização
Relatório do Bureau of Labor
Statistics mostra que no ano
passado os trabalhadores do setor público passaram a ser a
maioria entre os sindicalizados
pela primeira vez. Eles representaram, em 2009, 52% dos
funcionários ligados a sindicatos. Em 2008, eles eram 49%.
"O padrão de sindicatos adicionando membros do governo
enquanto perdem membros do
setor privado se acelerou na recessão. O trabalhador típico ligado a sindicato agora trabalha
no Correio, e não na linha de
montagem", diz o analista James Sherk.
A inversão ganha mais destaque quando se considera que os
trabalhadores do setor privado
representam cinco vezes o número dos do setor público.
A sindicalização está em queda nos EUA há anos. Em 1980,
23% dos americanos eram sindicalizados. Em 2009, esse patamar recuou para 12,3%.
Na avaliação de Sherk, essa
mudança no perfil do trabalhador sindicalizado terá efeitos
sobre a demanda. Na prática,
ele argumenta que, quando o
patrão é o governo, a exigência
é que ele invista cada vez mais,
o que pode ter efeitos para o
contribuinte.
Texto Anterior: Alemanha diz que Grécia não precisa de dinheiro agora Próximo Texto: País corta 36 mil postos de trabalho em fevereiro Índice
|