São Paulo, sábado, 06 de março de 2010

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Obama incha máquina pública em 2009

Governo dos EUA cria 60 mil postos de trabalho, maior número desde 2000, enquanto setor privado elimina 5,9 milhões de vagas

Incremento é atribuído a pacote de estímulo e a contratações para o Censo; sindicalizados do setor público passam a ser maioria

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O primeiro ano de Barack Obama na Presidência dos EUA foi de aumento das contratações do setor público. O governo federal alcançou o maior patamar de novas vagas desde 2000, com acréscimo de 60 mil postos de trabalho.
O inchaço da máquina tem sido destacado pela oposição nas discussões sobre o mercado de trabalho. Na prática, o aumento de vagas no governo é resultado tanto do pacote de estímulo à economia, com valor inicial aprovado de US$ 787 bilhões, quanto da antecipação de contratações para a realização do Censo neste ano.
"Em 2009 foram adiantadas muitas contratações para treinar funcionários para o Censo", diz Gary Burtless, analista do Instituto Brookings.
De outro lado, no setor privado a perda de vagas em 2009 ficou em 5,9 milhões.
Em janeiro, o governo federal contratou mais 33 mil pessoas. Desse total, 9.000 vagas eram destinadas ao Censo. No âmbito dos governos locais (prefeituras e condados) e estaduais, o cenário de contratações diretas não se repete com o mesmo vigor. Os governos estaduais contrataram 3.000 pessoas em 2009, e os governos locais tiveram um saldo médio negativo de 29 mil vagas.
O desemprego é hoje o fator principal a afetar a popularidade do presidente. Com taxa de desocupação de 9,7% em fevereiro, Obama elegeu a criação de vagas como prioridade neste ano.
Tramita no Congresso um pacote de US$ 15 bilhões que enfatiza principalmente a isenção de impostos para pequenas empresas que contratarem.
O governo Obama afirma que o pacote de estímulo à economia resultou na preservação ou na criação de 2 milhões de empregos. Relatório do Conselho de Economistas da Casa Branca diz que, apesar da pressão sobre os governos estaduais para a realização de cortes e demissões, um alívio fiscal de US$ 60 bilhões contido no plano fez com que no quarto trimestre as vagas voltassem a crescer.
No Relatório Econômico do Presidente, enviado ao Congresso, Obama afirma que tão importante quanto criar vagas no setor privado é tomar as medidas adequadas para evitar a demissão de servidores como professores, bombeiros e policiais. "Isso prejudicaria nossas comunidades."

Sindicalização
Relatório do Bureau of Labor Statistics mostra que no ano passado os trabalhadores do setor público passaram a ser a maioria entre os sindicalizados pela primeira vez. Eles representaram, em 2009, 52% dos funcionários ligados a sindicatos. Em 2008, eles eram 49%.
"O padrão de sindicatos adicionando membros do governo enquanto perdem membros do setor privado se acelerou na recessão. O trabalhador típico ligado a sindicato agora trabalha no Correio, e não na linha de montagem", diz o analista James Sherk.
A inversão ganha mais destaque quando se considera que os trabalhadores do setor privado representam cinco vezes o número dos do setor público.
A sindicalização está em queda nos EUA há anos. Em 1980, 23% dos americanos eram sindicalizados. Em 2009, esse patamar recuou para 12,3%.
Na avaliação de Sherk, essa mudança no perfil do trabalhador sindicalizado terá efeitos sobre a demanda. Na prática, ele argumenta que, quando o patrão é o governo, a exigência é que ele invista cada vez mais, o que pode ter efeitos para o contribuinte.


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