São Paulo, sábado, 06 de março de 2010

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Embaixador dos EUA defende acordo contra retaliação

Shannon disse que relação entre países não pode ficar aprisionada "a pequenas divergências" e que Brasil já não é mais só emergente

VERENA FORNETTI
ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO

O novo embaixador americano em Brasília, Thomas Shannon, disse ontem que o Brasil é uma das prioridades da política internacional do governo Obama e que acredita que os países chegarão a um acordo sobre o impasse envolvendo a possibilidade de o Brasil retaliar o país em razão dos subsídios americanos na produção de algodão.
Em cerimônia de posse da nova diretoria da Amcham (Câmara Americana de Comércio), Shannon afirmou que a visita da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, ao Brasil nesta semana confirmou a intenção dos governos de se aproximarem, apesar das divergências em temas como a eventual retaliação comercial do Brasil aos EUA e a recusa do Brasil em apoiar sanções ao Irã em razão do programa de desenvolvimento nuclear do país.
Na segunda-feira, o Brasil deve divulgar a lista de bens americanos que poderão sofrer sobretaxação. Anteriormente, os Estados Unidos haviam cogitado contrarretaliar o Brasil caso fossem aplicadas as sanções. Ontem, Shannon desmentiu a hipótese: "Não faço ameaças".
O diplomata americano enfatizou que a disposição dos países de tratar abertamente dos temas globais é um passo importante para resolver divergências. Para ele, não há mais possibilidade de a relação entre Brasil e Estados Unidos repetir os ciclos de aproximação e de afastamento que foram recorrentes no passado.
"O Brasil não é mais um país emergente. Ele já emergiu, já ficou importante e não vai ficar menos importante. Nós estamos atentos a isso." O embaixador afirmou também que as discussões entre os dois países "não podem ficar aprisionadas a pequenas divergências".
As declarações do embaixador seguem as diretrizes estabelecidas nas últimas semanas pelo governo Obama que estabelecem o Brasil como uma das prioridades do comércio americano. No início do mês passado, o Departamento de Comércio americano disse que pretende aumentar o número de especialistas em comércio em países como Brasil, China e Índia, para que eles "defendam e encontrem consumidores para as companhias dos EUA".
Esse interesse americano pelos emergentes se deve à promessa de forte crescimento nesses mercados, enquanto a previsão para os países ricos é bem menos otimista.


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