São Paulo, sábado, 06 de março de 2010

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Reeleição no BID tem resistência do Brasil

Governo critica gestão do atual presidente do banco, Luis Alberto Moreno, por conta de condições na concessão de crédito

Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, banco não está "cumprindo sua função'; EUA também avaliam candidatura alternativa

DE NOVA YORK
DA SUCURSAL DO RIO

Presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) desde 2005, o colombiano Luis Alberto Moreno planeja lançar candidatura à reeleição. Mas, diante de críticas recentes à sua gestão, que termina em outubro, tanto o Brasil quanto os EUA avaliam a possibilidade de apoiar candidaturas alternativas.
Moreno chegou à direção do BID com o apoio dos EUA, no governo de George W. Bush. A mudança na Casa Branca e uma disputa entre o Departamento de Estado e o Tesouro para a indicação do cargo podem propiciar agora um cenário menos favorável ao colombiano, segundo fontes em Washington.
Em 2005, o Brasil, com apoio argentino, lançou a candidatura do economista João Sayad -atual secretário da Cultura do Estado de São Paulo e na época vice-presidente de Planejamento do BID-, mas ele teve o apoio de apenas 11 dos 48 países-membros da instituição.
O capital do BID é dividido entre 26 países da América Latina e do Caribe que podem tomar empréstimos e 22 que não são tomadores de crédito. Os EUA têm a maior participação, com 30%. Brasil e Argentina vêm em segundo lugar, com 10,75% cada um.
No mês passado, em Buenos Aires, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tornou pública a insatisfação brasileira com a atuação do BID, sobretudo na crise financeira. "Não tem um desempenho satisfatório, não tem cumprido suas funções", disse, defendendo "uma nova gestão mais eficaz em benefício da região".
Também no Itamaraty, a Folha já ouviu que as condições impostas pelo BID na concessão de empréstimos não são adaptadas à realidade dos países latino-americanos.
O nome de Mantega foi um dos cogitados para o caso de uma candidatura brasileira. O governador do país no BID é o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Porém, com perspectiva de continuar no cargo caso a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, vença a eleição presidencial, a chance de ele se candidatar é menor.
Outro nome cogitado foi o de Paulo Nogueira Batista Jr., hoje diretor-executivo no FMI, mas ele afirmou que não está a par do assunto.
O que se discute no Brasil é até que ponto vale a pena lançar uma candidatura própria. O BID perdeu importância para o país, que aposta no crescimento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Em desembolsos e carteira de empréstimos, o BNDES já supera de longe o tamanho do BID.
No papel de cliente, o Brasil representou 29% do total de empréstimos do BID em 2008, seguido da Argentina (11%).
Procurado, o BID informou que não comentaria o assunto. (JANAINA LAGE E CLAUDIA ANTUNES)


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