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Reeleição no BID tem resistência do Brasil
Governo critica gestão do atual presidente do banco, Luis Alberto Moreno, por conta de condições na concessão de crédito
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, banco não está "cumprindo sua função'; EUA também avaliam candidatura alternativa
DE NOVA YORK
DA SUCURSAL DO RIO
Presidente do BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento) desde 2005, o colombiano Luis Alberto Moreno planeja lançar candidatura à reeleição. Mas, diante de críticas
recentes à sua gestão, que termina em outubro, tanto o Brasil quanto os EUA avaliam a
possibilidade de apoiar candidaturas alternativas.
Moreno chegou à direção do
BID com o apoio dos EUA, no
governo de George W. Bush. A
mudança na Casa Branca e uma
disputa entre o Departamento
de Estado e o Tesouro para a indicação do cargo podem propiciar agora um cenário menos
favorável ao colombiano, segundo fontes em Washington.
Em 2005, o Brasil, com apoio
argentino, lançou a candidatura do economista João Sayad
-atual secretário da Cultura do
Estado de São Paulo e na época
vice-presidente de Planejamento do BID-, mas ele teve o
apoio de apenas 11 dos 48 países-membros da instituição.
O capital do BID é dividido
entre 26 países da América Latina e do Caribe que podem tomar empréstimos e 22 que não
são tomadores de crédito. Os
EUA têm a maior participação,
com 30%. Brasil e Argentina
vêm em segundo lugar, com
10,75% cada um.
No mês passado, em Buenos
Aires, o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, tornou pública
a insatisfação brasileira com a
atuação do BID, sobretudo na
crise financeira. "Não tem um
desempenho satisfatório, não
tem cumprido suas funções",
disse, defendendo "uma nova
gestão mais eficaz em benefício
da região".
Também no Itamaraty, a Folha já ouviu que as condições
impostas pelo BID na concessão de empréstimos não são
adaptadas à realidade dos países latino-americanos.
O nome de Mantega foi um
dos cogitados para o caso de
uma candidatura brasileira. O
governador do país no BID é o
ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo. Porém, com
perspectiva de continuar no
cargo caso a ministra da Casa
Civil, Dilma Rousseff, vença a
eleição presidencial, a chance
de ele se candidatar é menor.
Outro nome cogitado foi o de
Paulo Nogueira Batista Jr., hoje
diretor-executivo no FMI, mas
ele afirmou que não está a par
do assunto.
O que se discute no Brasil é
até que ponto vale a pena lançar uma candidatura própria. O
BID perdeu importância para o
país, que aposta no crescimento do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social). Em desembolsos e
carteira de empréstimos, o
BNDES já supera de longe o tamanho do BID.
No papel de cliente, o Brasil
representou 29% do total de
empréstimos do BID em 2008,
seguido da Argentina (11%).
Procurado, o BID informou
que não comentaria o assunto.
(JANAINA LAGE E CLAUDIA ANTUNES)
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