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TRABALHO
Central quer reajuste salarial se a inflação atingir 10% ao ano; Paulinho diz que reivindica até "na marra"
Força quer reposição automática da inflação
MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local
A Força Sindical, tradicional
aliada do governo federal, vai
reivindicar reposição salarial
integral automática assim
que a taxa de inflação atingir 10%
ao ano, justamente o que a equipe
econômica tenta evitar a todo custo.
O governo quer impedir a indexação salarial, alegando que alimentaria a inflação e indexaria a
economia do país.
Os trabalhadores, entretanto, estão cada vez mais dispostos a reivindicar mecanismos de proteção
do poder de compra dos salários.
A defesa da reposição integral
pela Força Sindical, anunciada ontem, dá mais força à bandeira da
indexação dos salários, já defendida pela CUT (Central Única dos
Trabalhadores).
O novo presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, afirma que dará uma trégua
ao governo até que a inflação atinja
o patamar estabelecido.
Se a taxa superar os 10%, a central vai reivindicar a reposição integral e automática "na boa ou na
marra", disse Paulinho.
"Faremos greve e manifestações.
O salário não vai poder servir de
âncora do Plano Real", acrescentou o dirigente.
A Força Sindical é a segunda
maior central de sindicatos do país
e representa atualmente 6,9 milhões de trabalhadores. São 872
sindicatos, concentrados na indústria e comércio.
Paulinho, que também é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, afirma que sua
categoria deve ser uma das primeiras a reivindicar a reposição automática de 10% da inflação.
O dirigente afirmou que, entre a
data-base, em novembro, e o mês
passado, a taxa de inflação já está
acumulada em 2,5%.
"Pelos índices que estão surgindo, teremos 10% de taxa de inflação anual já em maio", calculou o
presidente da Força.
Sem acordo
A rival CUT deve definir na próxima semana a orientação que passará a seus sindicatos em relação à
questão salarial, na próxima reunião da Executiva Nacional.
A central representa mais de
2.000 sindicatos, abrangendo um
universo de aproximadamente 18
milhões de trabalhadores.
O secretário-geral da entidade,
João Felício, afirma que a discussão sobre política salarial, que norteia a ação dos sindicatos filiados,
vai passar pela definição de mecanismos de reposição imediata dos
salários em caso de inflação alta.
Se o mecanismo será de reposição automática mensal ou semestral, somente a intensidade da taxa
de inflação poderá dizer, afirma o
dirigente.
O primeiro passo da discussão
sobre reposição salarial dentro da
CUT será o índice a ser reivindicado para reajustar o salário mínimo, em maio.
Na sua opinião, o índice de reajuste do salário mínimo precisa,
antes de tudo, levar em conta a
desvalorização cambial.
Na Justiça
A previsão da Justiça do Trabalho com o aumento da inflação em
99 é de crescimento do número de
dissídios coletivos, já que empregadores e empregados não deverão chegar a um acordo sobre reposição salarial com frequência.
Alguns juízes já estão se manifestando a favor da manutenção do
poder de compra dos salários.
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