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São Paulo, domingo, 06 de abril de 2003

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Protesto contra Fundo vai virar ato antiguerra

ALESSANDRA MILANEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Além dos tradicionais protestos contra as políticas do FMI e do Banco Mundial, a reunião das duas entidades neste ano, a partir da quarta-feira, será também usada pelos pacifistas para manifestações contra a guerra dos EUA no Iraque.
De acordo com a United for Peace & Justice (Unidos pela Paz e Justiça), os eventos devem ocorrer de 10 a 15 de abril, mas se centrarão nos dias da reunião do Fundo. A United for Peace é uma campanha contra a guerra que reúne mais de 70 organizações.
Para o primeiro dia do encontro, a ONG International Answer organizou o "dia internacional de ação contra a guerra dos EUA no Iraque", com manifestações em Washington e San Francisco.
O dia D, no entanto, deverá ser 13 de abril, para o qual está programada uma marcha organizada pela Lasc (Coalizão de Solidariedade da América Latina, na sigla em inglês), uma associação de grupos de latino-americanos e caribenhos. A Lasc estima que entre 5.000 e 10 mil pessoas participarão do evento.
Segundo a ONG 50 Anos É o Bastante -referência à data de criação do Fundo e do Banco Mundial-, os manifestantes devem fazer apresentações artísticas e marchar por Washington, com paradas em frente a escritórios de grandes corporações e em frente a prédios do governo americano.
Johnathan Everhard, um dos organizadores da Lasc, afirma que a entidade está trabalhando para que não haja, nas manifestações, grupos contra a globalização e as políticas do Fundo e do Bird, mas a favor da guerra. Para ele, as duas questões -políticas do FMI e guerra- são "dois lados da mesma moeda". "Estamos tentando mostrar que essas duas questões estão conectadas", diz.
A lista de associações ligadas à United for Peace é, no entanto, bem diversificada. Há grupos feministas, os que lutam contra o preconceito contra árabes, anticapitalistas, movimentos negros, ambientalistas, defensores dos direitos humanos, os que lutam pela conscientização da mídia, associações de igrejas, um grupo de familiares das vítimas dos atentados de 11 de setembro e até uma associação de veteranos da Guerra do Vietnã que se opõe à guerra.
Mônica Martins, professora de ciência política da Universidade Estadual do Ceará, vai para Washington. A posição de Martins, que fez doutorado sobre as políticas do Banco Mundial, reflete as diferenças existentes. "Algumas organizações defendem que é necessário democratizar o Banco Mundial, torná-lo mais transparente. Mas, se ele se tornar mais transparente, o que muda? Nada."
Ela, no entanto, não teme que as divergências causem um racha. "Polêmica é saudável", diz.
O FMI diz que não foram tomadas medidas especiais de segurança. Francisco Baker, porta-voz do Fundo para a América Latina, afirma que o que acontece fora do prédio do FMI é problema da cidade de Washington. Conta, no entanto, que, desde que começou a guerra, todos os que entram no prédio do FMI, inclusive os funcionários, têm que passar pelo detector de metais -medida antes aplicada somente aos visitantes.


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