São Paulo, terça-feira, 06 de abril de 2004

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Retomada não foi percebida, diz BC

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BC (Banco Central), Henrique Meirelles, disse ontem, no Rio de Janeiro, que a economia brasileira sofreu uma "mudança estrutural" ainda não devidamente percebida pelos analistas econômicos.
A mudança, segundo ele, seria o fato de o país estar crescendo e, ao mesmo tempo, mantendo o crescimento das exportações e do saldo da balança comercial.
"O Brasil passou por uma mudança profunda. Temos pela primeira vez o país crescendo e com saldo comercial e exportações fortes e crescentes. Isso é uma mudança profunda, que vai demandar um pouco de tempo até suas implicações serem percebidas por todos", afirmou o presidente do Banco Central, após palestra realizada na Associação Comercial do Rio de Janeiro.
Na palestra, Meirelles apresentou dados de várias instituições na tentativa de comprovar que, desde o terceiro trimestre do ano passado, o Brasil retomou o crescimento e para justificar a manutenção da atual política macroeconômica.

"Aperfeiçoamento"
O presidente do BC voltou a dizer que, embora o regime de metas de inflação adotado pelo país desde 1999 como balizador da política macroeconômica esteja "sempre sujeito a aperfeiçoamentos", não considera necessárias mudanças a médio prazo, inclusive nas metas para 2004 (5,5%) e para 2005 (4,5%).
"Como todas as demais atividades do Banco Central, nós estamos sempre estudando aperfeiçoamentos [no regime de metas de inflação]. Mas, tido isso, o regime de metas, tal qual é aplicado hoje pelo Banco Central, é o que melhor se ajusta às probabilidades de estabelecer um crescimento sustentado no Brasil, para este e para o próximo ano", afirmou.

Centro da meta
Henrique Meirelles também disse que o BC considera que a forma mais correta para perseguir a meta de inflação é mirar no seu núcleo (a meta tem flexibilidade de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos).
"As condições técnicas indicam que perseguir o centro da meta é o melhor balanço de risco entre inflação e nível de atividade. É o que o Banco Central tem feito", afirmou Meirelles.
De acordo com o presidente do Banco Central, embora ainda estejam em um patamar elevado, os juros no Brasil já são "os mais baixos dos últimos anos".
Para Meirelles, as taxas de juros neste momento são "compatíveis com as atuais previsões de crescimento" econômico.
O governo e parte dos analistas avaliam que a economia brasileira vá crescer 3,5% em 2004.


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