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COMBUSTÍVEL
Após disputa com o governo do Rio, empresa anuncia que transportará óleo da bacia de Campos por navios
Petrobras desiste de construir oleoduto até SP
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Após uma disputa que durou
meses com o governo do Estado
do Rio, a Petrobras desistiu de
construir o oleoduto que levaria o
petróleo da bacia de Campos,
principal região produtora do
país, às refinarias do Sudeste.
Com a decisão anunciada ontem, a empresa reduziu de R$ 4,6
bilhões para R$ 2,7 bilhões, até
2007, o investimento no seu Plano
Diretor de Escoamento e Tratamento de Óleo da Bacia de Campos. Seriam transportados pelo
duto cerca de 450 mil barris de
óleo por dia, correspondentes à
parte da produção de seis novas
plataformas que estarão operando naquele ano.
A solução encontrada pela Petrobras foi fazer o transporte do
óleo por navios -alternativa usada hoje para escoar 80% da produção. Serão alugadas mais quatro embarcações com capacidade
para 1 milhão de barris cada uma.
Do projeto original, só parte dos
dutos marinhos e uma plataforma de bombeio de óleo foram
mantidos. Imaginando que o duto poderia pôr fim ao plano do Estado de ficar com a refinaria que a
empresa promete construir, o governo do Rio começou, no final de
2003, a atacar o projeto, que depende de licenciamento dos órgãos ambientais estaduais.
A Petrobras tentou convencer o
governo estadual de que não havia relação entre a escolha da refinaria e a construção do oleoduto,
mas não obteve êxito.
Dutra reconheceu que a empresa desistiu do projeto em razão da
pressão do governo do Rio, depois de tentar convencer o Estado
dos benefícios do projeto. "Houve
claramente um conflito entre o
governo do Estado e a Petrobras",
disse ele, para quem "a novela está
encerrada".
Dutra afirmou que o transporte
por navios "é um pouco mais barato", mas a empresa insistiu no
projeto do oleoduto para não ficar
tão dependente de um único meio
de escoamento da produção. Hoje, 80% do óleo é transportado
por embarcações -só 20%, por
dutos. Com o projeto, a participação dos dutos subiria para 40%.
Segundo Dutra, menos empregos serão gerados com a mudança. Na avaliação da estatal, a obra
abriria 34 mil vagas para a construção do oleoduto e outros 3.700
empregos na operação. Sem o
oleoduto, o número total de vagas
criadas cai para 9.300.
Pelo projeto original, seis plataformas da bacia de Campos estariam ligadas por dutos submarinos à unidade de bombeio de
óleo, de onde partiria o oleoduto
até o litoral norte fluminense.
Depois, o oleoduto seguiria por
terra, passando por 37 cidades
nos Estados do Rio e São Paulo até
Guararema (SP). De lá, já saem
dutos que abastecem as quatro refinarias do Estado.
O novo plano mantém os dutos
que ligam as plataformas à unidade de bombeio de óleo. Essa unidade estará ligada a duas monobóias, que servirão como uma espécie de porto flutuante e armazenarão o óleo que será carregado
pelos navios. Segundo Dutra, a
decisão de manter a unidade de
bombeio -cujo custo é de US$
430 milhões- foi tomada para
não ter de alterar contratos já assinados, como o da plataforma P-52. As mudanças poderiam encarecer as obras, disse ele.
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