São Paulo, terça-feira, 06 de abril de 2004

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COMBUSTÍVEL

Após disputa com o governo do Rio, empresa anuncia que transportará óleo da bacia de Campos por navios

Petrobras desiste de construir oleoduto até SP

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Após uma disputa que durou meses com o governo do Estado do Rio, a Petrobras desistiu de construir o oleoduto que levaria o petróleo da bacia de Campos, principal região produtora do país, às refinarias do Sudeste.
Com a decisão anunciada ontem, a empresa reduziu de R$ 4,6 bilhões para R$ 2,7 bilhões, até 2007, o investimento no seu Plano Diretor de Escoamento e Tratamento de Óleo da Bacia de Campos. Seriam transportados pelo duto cerca de 450 mil barris de óleo por dia, correspondentes à parte da produção de seis novas plataformas que estarão operando naquele ano.
A solução encontrada pela Petrobras foi fazer o transporte do óleo por navios -alternativa usada hoje para escoar 80% da produção. Serão alugadas mais quatro embarcações com capacidade para 1 milhão de barris cada uma.
Do projeto original, só parte dos dutos marinhos e uma plataforma de bombeio de óleo foram mantidos. Imaginando que o duto poderia pôr fim ao plano do Estado de ficar com a refinaria que a empresa promete construir, o governo do Rio começou, no final de 2003, a atacar o projeto, que depende de licenciamento dos órgãos ambientais estaduais.
A Petrobras tentou convencer o governo estadual de que não havia relação entre a escolha da refinaria e a construção do oleoduto, mas não obteve êxito.
Dutra reconheceu que a empresa desistiu do projeto em razão da pressão do governo do Rio, depois de tentar convencer o Estado dos benefícios do projeto. "Houve claramente um conflito entre o governo do Estado e a Petrobras", disse ele, para quem "a novela está encerrada".
Dutra afirmou que o transporte por navios "é um pouco mais barato", mas a empresa insistiu no projeto do oleoduto para não ficar tão dependente de um único meio de escoamento da produção. Hoje, 80% do óleo é transportado por embarcações -só 20%, por dutos. Com o projeto, a participação dos dutos subiria para 40%.
Segundo Dutra, menos empregos serão gerados com a mudança. Na avaliação da estatal, a obra abriria 34 mil vagas para a construção do oleoduto e outros 3.700 empregos na operação. Sem o oleoduto, o número total de vagas criadas cai para 9.300.
Pelo projeto original, seis plataformas da bacia de Campos estariam ligadas por dutos submarinos à unidade de bombeio de óleo, de onde partiria o oleoduto até o litoral norte fluminense.
Depois, o oleoduto seguiria por terra, passando por 37 cidades nos Estados do Rio e São Paulo até Guararema (SP). De lá, já saem dutos que abastecem as quatro refinarias do Estado.
O novo plano mantém os dutos que ligam as plataformas à unidade de bombeio de óleo. Essa unidade estará ligada a duas monobóias, que servirão como uma espécie de porto flutuante e armazenarão o óleo que será carregado pelos navios. Segundo Dutra, a decisão de manter a unidade de bombeio -cujo custo é de US$ 430 milhões- foi tomada para não ter de alterar contratos já assinados, como o da plataforma P-52. As mudanças poderiam encarecer as obras, disse ele.


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