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ENERGIA
Tarifa terá reajuste maior que o IGP-M porque serão cobrados aumentos de custo causados pela alta do dólar em 2002
Conta de luz vai subir mais que a inflação
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os reajustes de tarifa de energia
neste ano serão maiores do que a
variação do IGP-M, índice contratual que corrige parte dos custos das distribuidoras. Os consumidores sofrerão reajustes maiores porque na conta serão cobrados aumentos de custo causados
pela alta do dólar em 2002, que
não foram repassados pelo governo no reajuste do ano passado.
O efeito começará a ser sentido
amanhã, quando a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica)
divulga os percentuais de aumento das distribuidoras CPFL (SP),
Cemig (MG), Cemat (MT) e Enersul (MS). Juntas, essas distribuidoras atendem a 10 milhões de
consumidores. O aumento valerá
a partir da próxima quinta-feira.
A Aneel estima que os aumentos serão bem maiores do que o
IGP-M acumulado nos últimos 12
meses, de 5,08%. "Certamente serão maiores do que o IGP-M",
disse César Antônio Gonçalves,
superintendente de regulação
econômica da agência. Ele não fez
projeções sobre o efeito específico
do repasse de aumentos represa
dos nos reajustes do ano passado.
A Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia
Elétrica) divulgou nota na qual estima que o impacto da liberação
do reajuste represado ano passado pelo governo eleve as tarifas de
dois a cinco pontos percentuais
além do que já aumentariam pela
correção do IGP-M.
Em 2003, o governo fez duas intervenções para evitar impactos
inflacionários dos reajustes da tarifa de energia. Uma delas foi congelar o impacto do dólar na tarifa.
Outra foi criar um teto de aumento para a revisão tarifária. As duas
medidas adiaram o repasse de
custos para o consumidor, que terá de pagá-los agora.
Em 2003, a CPFL teve reajuste
de 19,55%. Se o governo não tivesse congelado o repasse da alta do
dólar, o reajuste para os consumidores da empresa seria cerca de
sete pontos percentuais maior.
O impacto seria causado principalmente pela alta do dólar entre
abril de 2002 e abril de 2003. De
acordo com cálculos da agência, o
dólar saiu da faixa de R$ 2,5 para
R$ 3,4 no período.
Fator X
Ontem a Aneel divulgou as regras para que a avaliação feita pelos consumidores a respeito da
qualidade dos serviços prestados
pelas distribuidoras possa afetar o
reajuste tarifário.
A agência faz uma pesquisa
uma vez por ano, na qual o cliente
da distribuidora opina sobre a
qualidade do serviço. As empresas recebem notas, que influenciam no cálculo do Fator X, um
redutor a ser aplicado sobre a variação do IGP-M nos 12 meses anteriores ao reajuste previsto no
contrato.
As empresas bem avaliadas têm
um redutor menor (ou seja, têm
direito a reajuste maior), e as mal
avaliadas têm um redutor maior
-o que significa reajuste menor.
Pelos critérios adotados pela
Aneel, das 64 distribuidoras pesquisadas, 49 teriam reajuste menor motivado pelas avaliações negativas que receberam.
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