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AVICULTURA
Para o consultor Paulo Molinari, indústrias erraram na estratégia e produziram além do que o mercado pode consumir
Gripe aviária não é causa de crise, diz analista
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
A crise enfrentada pela indústria de aves no Brasil -que já
causou demissões, férias coletivas
e redução de quase 20% na produção- não tem relação alguma
com a gripe aviária. É o que afirma o consultor Paulo Molinari, da
Safras & Mercados.
Para ele, a crise foi causada por
uma estratégia errada dos produtores, que, empolgados com os resultados recordes no ano passado,
produziram 300 mil toneladas a
mais de carne até o final do mês
passado em relação ao mesmo período de 2005.
"A previsão era de crescimento
de 600 mil toneladas na produção
em todo o ano. Mesmo que as exportações crescessem absurdamente, teríamos uma grande
quantidade [de carne] encalhada
no mercado interno."
Segundo ele, "as exportações de
carne de frango neste ano caíram
apenas 1,4% em relação ao primeiro trimestre de 2005. Se houvesse uma crise acentuada, esse
número seria bem pior", afirmou.
"O setor produziu muito mais, e
por isso temos excesso de oferta
no mercado interno. Não seriam
30 mil ou 40 mil toneladas não-exportadas que gerariam uma crise dessa proporção. Essa quantidade daria para entrar nas câmaras frias, seria consumida pelo
mercado interno ou empurrada
para uma exportação futura. Enfim, seria absorvível", disse.
Para Molinari, "se a palavra
H5N1 [cepa da gripe aviária] não
fosse apresentada na Europa, na
Rússia, no Oriente Médio, a crise
brasileira seria a mesma".
A avaliação é diferente da da Federação da Agricultura e Pecuária
do Estado de Santa Catarina, que,
na semana passada, estimou em
10 mil o número de funcionários
com risco de perder o emprego
no Estado devido à gripe aviária.
O analista disse que há outros
fatores para a crise, como o câmbio, o embargo russo à carne suína e a safra de boi em plena época.
"O setor apostou em 2006 levando em conta a gripe aviária até como fator positivo, já que o país é
livre da doença. Aumentou o número de alojamento de matrizes e
achou que poderia crescer mais
15%. Mas esqueceu que o primeiro trimestre do ano tem uma sazonalidade de consumo interno e
externo muito ruim. Foi uma falha estratégica."
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