|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Turismo contribui para a distribuição de renda
DA REDAÇÃO
O turista brasileiro está conseguindo fazer, a passeio, durante as
férias de verão, o que os programas sociais perseguem há décadas com muito trabalho: transferir renda de regiões mais ricas para cidades e Estados com menor
nível de desenvolvimento econômico. Essa tendência foi detectada na pesquisa realizada pela Fipe/ USP.
"Sempre se falou que o turismo
gera distribuição de renda, mas só
agora os dados permitem comprovar que isso realmente está
acontecendo", diz o economista
Wilson Rabahy, coordenador da
pesquisa da Fipe/USP. Essa transferência é recente e pode ser percebida principalmente nos Estados do Nordeste.
De acordo com o levantamento,
de cada R$ 1 que o viajante nordestino desembolsa numa viagem
turística por Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais, outros R$ 2,24 entram no
Nordeste de volta pelas mãos dos
turistas que moram no Sudeste e
buscam principalmente as praias
nordestinas.
Os gastos com passeio de paulistas, cariocas, mineiros e capixabas pelo Nordeste somam R$ 2,7
bilhões -35% do PIB turístico da
região, estimado em R$ 7,76 bilhões. Uma participação desse tamanho é surpreendente, de acordo com Rabahy, por dois motivos
básicos.
Distância
O primeiro deles diz respeito ao
roteiro das viagens. Estudos sobre
o movimento de viajantes em
qualquer parte do mundo são
unânimes: o turista não vai longe.
Cerca de 70% do total deles circulam na região em que residem.
Não é diferente no Brasil. A pesquisa apurou, por exemplo, que
47,7% dos paulistas concentram
seus passeios no próprio Estado e
outros 66,6% visitam apenas Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
No entanto, quando decide ir
um pouco mais longe, o paulista
tem como destino, geralmente, a
região Nordeste. Dos 43,4% de
paulistas que vão para outras regiões, metade vai para o Nordeste.
A pesquisa indica que até mesmo
o Rio de Janeiro, um dos mais importantes destinos do país, ligado
pela ponte aérea a São Paulo, perde para a Bahia em número de visitantes paulistas, por exemplo.
O segundo ponto importante
refere-se a quanto da renda é reservada para os passeios. Quem
ganha entre 8 e 10 salários mínimos (de R$ 1.600 a R$ 2.000), por
exemplo, tende a gastar em média
R$ 500 com uma viagem por ano.
No entanto, quem ganha o dobro, de 16 a 20 mínimos (R$ 3.200
e R$ 4.000), geralmente não reserva o dobro para uma viagem turística, separando, de forma geral,
por volta de R$ 1.500 -ou seja,
três vezes mais. E, claro, quem recebe uma remuneração mais alta
tem maiores possibilidades financeiras de programar uma viagem
para terras distantes. O que também beneficia a região Nordeste.
Outras regiões
O Nordeste está gerando mais
receita com o turismo porque
atrai viajantes de outras regiões e
até países -gente que quando
põe o pé na estrada leva mais dinheiro para gastar, diz Rabahy.
"O Nordeste recebeu investimentos privados e públicos que
possibilitaram essa expansão.
Mas é bom não esquecer: o turista
é um curioso, sempre em busca
do novo. Quem chegou ao Nordeste, nos próximos anos irá em
busca de outros destinos. Os investidores deveriam estar mais
atentos ao Norte e ao Centro-Oeste", declara. Segundo a pesquisa,
cerca de 8% do PIB turístico da região Norte, avaliado em R$ 3,64
bilhões, já são sustentados por
gastos de turistas do Sudeste.
Texto Anterior: Em 2001, gasto dos turistas foi de R$ 20 bilhões Próximo Texto: Queda nos preços afeta lucros do setor Índice
|