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Queda nos preços afeta lucros do setor
DA REDAÇÃO
O crescimento do turismo interno foi acompanhado nos últimos anos pelo aumento da concorrência entre as empresas ligadas ao setor. Baixar os preços foi a
principal estratégia, mas a disputa
colocou em risco o lucro de muitas companhias, que acabaram
até saindo do mercado.
"A concorrência derrubou os
preços e também várias operadoras", diz Marcelo Barrone, gerente comercial da RCA. O embate
para conquistar turistas fez muitas vítimas, entre elas empresas
tradicionais como Soletur e Viagens Costa.
Segundo Barrone, o mercado
foi obrigado a se reestruturar para
se adequar aos novos clientes: o
brasileiro que deixou de viajar para o exterior e passou a passear
mais vezes dentro do próprio país
e as pessoas de classes mais baixas. Ambos se interessam por pacotes de viagens mais baratos.
Passagens mais baratas
Há três anos, era difícil ir a Porto
Seguro, na Bahia, por menos de
R$ 800, hoje, existem ofertas por
R$ 450. "Esses viajantes sempre
existiram, mas foi a queda nos
preços que ampliou sua participação no mercado", avalia Barrone.
A criação da empresa aérea Gol,
por exemplo, apostou nessa idéia.
"Consideramos que os passageiros dos ônibus e dos automóveis
migrariam para o avião se fosse
feita uma redução de 30% no preço das passagens", lembra o vice-presidente da marketing da Gol,
Tarcísio Gargioni.
Uma pesquisa realizada pela
companhia em setembro do ano
passado, na baixa temporada,
confirmou que a tendência existe:
5% de seus passageiros declararam que estavam andando de
avião pela primeira vez na vida.
O fluxo de passageiros simplesmente dobrou na TAM entre 1998
e o ano passado. Parte desse aumento é atribuído ao sistema de
tarifas diferenciadas, implantado
em 1999. Entre 2000 e 2001, a oferta de vôos cresceu 38%. Boa parte
disso foi devido à maior demanda
de turistas.
Desde março, a companhia
mantém um Airbus 330, com capacidade para 225 passageiros fazendo a linha São Paulo, Recife e
Salvador, duas vezes por semana
com 70% de ocupação, um índice
considerado alto.
"O turismo de praia recebeu
grandes investimentos privados,
em hotelaria, e públicos, em infra-estrutura, principalmente em
Santa Catarina e no Nordeste. Isso
permitiu a abertura de um maior
número de linhas para esses destinos", diz o assessor da vice-presidência da Tam, Klaus Kuhnast.
Apesar do aumento no número
de passageiros, os preços mais
baixos derrubam a rentabilidade
das vendas (retorno conseguido
pelas empresa) e também ameaçam o lucro.
Sobram leitos
A hotelaria vive outro dilema:
excesso de leitos. "O setor vem
crescendo a uma média de 7% ao
ano, muito acima da demanda
porque não se guia pelo turismo,
mas pelo mercado imobiliário",
declara o presidente da ABIH Nacional (Associação Brasileira da
Indústria de Hotéis), Herculano
de Albuquerque Iglesias. Pelas estimativas da entidade, o país conta hoje com cerca de um milhão
de leitos.
O Brasil assiste a uma verdadeira proliferação de estabelecimentos, que acirra a concorrência e
pressiona os preços para baixo,
diz o presidente da ABIH. O valor
médio das diárias caiu cerca de
50% nos últimos três anos. "Muitas pessoas que não tinham condição de ficar num hotel, passaram a ter acesso a esse tipo de acomodação, mas as empresas não
sentiram a diferença porque estão
sobrando leitos", diz.
(AS)
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