São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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FOLHA INVEST

AÇÕES

Novo Mercado, que existe desde final de 2000, já tem papéis da Sabesp; Banco do Brasil e VBC têm intenção de entrar

Empresas dão mais atenção a minoritários

ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de uma temporada de dezenas de fechamentos de capital, alguns envolvendo acirradas disputas entre majoritários e minoritários, as empresas estão acordando para o Novo Mercado, isto é, para a importância de tratar com igualdade e transparência os pequenos acionistas.
Os últimos dias foram recheados de boas notícias nesse sentido. Os papéis da Sabesp passaram a ser negociados no Novo Mercado. Banco do Brasil e VBC também anunciaram a intenção de entrar no Novo Mercado.
Globo Cabo, Petrobras e Itaú disseram que querem aderir ao nível 2 de governança corporativa da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Entraram no nível 1 ou têm essa meta Aracruz, Coteminas, Klabin, Sanepar e Brasil Telecom. Os níveis 1 e 2 são degraus para o Novo Mercado.
A Itaúsa passou a oferecer "tag along" de 80% para os acionistas que têm papéis PN (preferenciais). Isso quer dizer que, em caso de venda da holding do Itaú, os detentores de PNs terão direito a receber, no mínimo, 80% do valor que os compradores pagarem aos majoritários. Gerdau e Gerdau Metalúrgica foram mais longe: adotaram um "tag along" de 100% para os papéis PN e ON (ordinários). O "tag along" de 100% também é requisito para o Novo Mercado.
O Novo Mercado existe desde dezembro de 2000. Somente em fevereiro deste ano teve uma adesão: a CCR (Companhia de Concessões Rodoviárias). A Sabesp é a segunda a aderir.
Em 2001, 19 empresas entraram no nível 1, mas nenhuma no nível 2. Para Maria Helena Santana, superintendente-executiva de relações com empresas da Bovespa, os anúncios dos últimos dias mostram que o mercado talvez esteja dando um salto de qualidade. Maria Helena também acha que, ao longo do ano, novos anúncios serão feitos devido à perspectiva de melhora na economia. "O ano passado foi muito ruim para o mercado. A expectativa é, agora, que o próximo presidente da República, seja quem for, dará alguma ênfase para o crescimento econômico."
Na opinião de Marcos Souza Barros, diretor da corretora Souza Barros, mais empresas devem se adaptar às regras do Novo Mercado como forma de atrair investidores. "Existe uma tendência de internacionalização das ações. Quem quiser competir lá fora e captar mais recursos terá de ser mais transparente."
"Quando um investidor estrangeiro vai aplicar em uma companhia num país com histórico como o nosso, a quantidade de informação disponível sobre a companhia é que determina o dinheiro a ser investido", complementa Alexandre Silvério, sócio e gestor da GAP Asset Management.
A necessidade de informação confiável ficou ainda mais acentuada neste ano com os casos que estouraram nos Estados Unidos de manipulação de balanços, como o da Enron. Durante muito tempo, seus acionistas foram levados a acreditar que estavam investindo numa das maiores e sólidas empresas americanas. No ano passado, rumores começaram a se espalhar de que os seus números não passavam de miragem. No início deste ano, confirmaram-se: a empresa entrou em concordata.


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