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FOLHA INVEST
AÇÕES
Novo Mercado, que existe desde final de 2000, já tem papéis da Sabesp; Banco do Brasil e VBC têm intenção de entrar
Empresas dão mais atenção a minoritários
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de uma temporada de
dezenas de fechamentos de capital, alguns envolvendo acirradas
disputas entre majoritários e minoritários, as empresas estão
acordando para o Novo Mercado,
isto é, para a importância de tratar
com igualdade e transparência os
pequenos acionistas.
Os últimos dias foram recheados de boas notícias nesse sentido. Os papéis da Sabesp passaram
a ser negociados no Novo Mercado. Banco do Brasil e VBC também anunciaram a intenção de
entrar no Novo Mercado.
Globo Cabo, Petrobras e Itaú
disseram que querem aderir ao
nível 2 de governança corporativa
da Bovespa (Bolsa de Valores de
São Paulo). Entraram no nível 1
ou têm essa meta Aracruz, Coteminas, Klabin, Sanepar e Brasil
Telecom. Os níveis 1 e 2 são degraus para o Novo Mercado.
A Itaúsa passou a oferecer "tag
along" de 80% para os acionistas
que têm papéis PN (preferenciais). Isso quer dizer que, em caso de venda da holding do Itaú, os
detentores de PNs terão direito a
receber, no mínimo, 80% do valor
que os compradores pagarem aos
majoritários. Gerdau e Gerdau
Metalúrgica foram mais longe:
adotaram um "tag along" de
100% para os papéis PN e ON (ordinários). O "tag along" de 100%
também é requisito para o Novo
Mercado.
O Novo Mercado existe desde
dezembro de 2000. Somente em
fevereiro deste ano teve uma adesão: a CCR (Companhia de Concessões Rodoviárias). A Sabesp é a
segunda a aderir.
Em 2001, 19 empresas entraram
no nível 1, mas nenhuma no nível
2. Para Maria Helena Santana, superintendente-executiva de relações com empresas da Bovespa,
os anúncios dos últimos dias
mostram que o mercado talvez
esteja dando um salto de qualidade. Maria Helena também acha
que, ao longo do ano, novos
anúncios serão feitos devido à
perspectiva de melhora na economia. "O ano passado foi muito
ruim para o mercado. A expectativa é, agora, que o próximo presidente da República, seja quem
for, dará alguma ênfase para o
crescimento econômico."
Na opinião de Marcos Souza
Barros, diretor da corretora Souza
Barros, mais empresas devem se
adaptar às regras do Novo Mercado como forma de atrair investidores. "Existe uma tendência de
internacionalização das ações.
Quem quiser competir lá fora e
captar mais recursos terá de ser
mais transparente."
"Quando um investidor estrangeiro vai aplicar em uma companhia num país com histórico como o nosso, a quantidade de informação disponível sobre a companhia é que determina o dinheiro a ser investido", complementa
Alexandre Silvério, sócio e gestor
da GAP Asset Management.
A necessidade de informação
confiável ficou ainda mais acentuada neste ano com os casos que
estouraram nos Estados Unidos
de manipulação de balanços, como o da Enron. Durante muito
tempo, seus acionistas foram levados a acreditar que estavam investindo numa das maiores e sólidas empresas americanas. No ano
passado, rumores começaram a
se espalhar de que os seus números não passavam de miragem.
No início deste ano, confirmaram-se: a empresa entrou em
concordata.
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