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MERCADOS
Bolsa precisa de um estímulo para reverter pessimismo, o que parece distante; novo Ibovespa mantém distorção
Mau humor deverá continuar na Bovespa
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem tendência definida para a
Bovespa (Bolsa de Valores de São
Paulo), o mau humor do mercado
pode perdurar.
Uma parcela de analistas afirma
que a queda de 4,17% (a maior em
mais de cinco meses) na quinta-feira passada foi exagerada, mas
que a Bolsa pode continuar de lado, oscilando, ciclotímica, ao sabor de pesquisas eleitorais.
No curtíssimo prazo, pode não
surgir notícia com força suficiente
para reverter o atual pessimismo.
"O fluxo de investimentos estrangeiros para o Brasil diminuiu
e estamos agora numa entressafra. Das pesquisas e da trajetória
dos juros, o mercado também não
deverá ter já surpresas positivas",
afirma Beto Scretas, da Schroeder.
Para Octavio de Barros, do BBV
Banco, a Bovespa depende principalmente do risco-país, mas também do crescimento econômico,
da taxa de juros e da Nasdaq (Bolsa das ações de alta tecnologia).
Com risco a quase 900 pontos,
perspectiva de crescimento pífio,
taxa de juros a 18,5% e Nasdaq
com queda acumulada de 17,30%,
o cenário não é favorável à Bolsa.
"Mas se o risco-país cair, a Bovespa pode voltar a caminhar em
torno de 13 mil pontos", afirma
Barros, do BBV.
A preocupação do investidor,
segundo parte dos analistas, não
deve ser de quando vender e, sim,
quando comprar.
"Já houve queda razoável no
mercado de ações e dos títulos da
dívida pública, além de grande
aumento do risco-Brasil. O mercado passou do otimismo para
um semidesespero, sem bases
concretas", diz Scretas.
Na semana passada, a Bolsa caiu
em consequência da redução de
recomendação de compra de títulos brasileiros anunciada por
Merrill Lynch, Morgan Stanley,
ABN Amro e Banco Santader.
A justificativa principal das instituições foi a melhora do desempenho do pré-candidato Luís Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto.
Além da piora de indicadores
econômicos brasileiros e da instabilidade na América Latina, nos
Estados Unidos, as Bolsas foram
prejudicadas por balanços e projeções ruins de resultados das empresas.
JP Morgan, Dresdner Bank,
Lloyds TSB, Barclays e ING Barings mantiveram recomendação
de compra de títulos do Brasil.
Merrill Lynch continua a indicar a
compra de ações do país.
"O investidor deve ter cautela, já
que o mercado, justo ou não, não
dá a Lula o benefício da dúvida. Se
ele vencer, a Bolsa deve cair. Mas
fazer esta ou outra aposta agora é
chute, o que não deve nortear a
compra e a venda de ativos", segundo Scretas.
"Mais importante que o resultado, será o tom da campanha, se
haverá ou não mudança de rumo
na economia, afirma o economista-chefe do BBV.
Ibovespa
Desde a quinta-feira da semana
passada, entrou em vigor a nova
carteira do Ibovespa (índice que
concentra as 57 ações mais negociadas na Bolsa). O peso do setor
de telecomunicações cresceu de
37% para 43%.
"A cada virada de índice, acentua-se uma distorção: empresas
como Globo Cabo, que caiu 58%
no ano, crescem em participação,
enquanto outras, como Petrobras, que subiu 18% no mesmo
período (até o dia 30 de abril),
perdem peso", diz Scretas.
O critério de composição da
carteira Ibovespa é a liquidez.
"As teles têm liquidez- que
pode ser por motivos bons ou
não-, mas têm também uma volatilidade enorme. O investidor
pensa comprar Bolsa, com todas
as empresas, mas se for fundo no
Ibovespa, terá colocado quase
50% do seu dinheiro só em teles."
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