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COLAPSO ARGENTINO
Governo deverá trocar maioria dos recursos congelados nos bancos por títulos na moeda americana
País quer dar bônus em dólar a correntistas
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O governo argentino quer acabar com o curralzinho no segundo semestre, mas a solução encontrada pelo ministro da Economia, Roberto Lavagna, poderá
promover a "despesificação" da
economia. As medidas, que devem ser anunciadas nesta semana, prevêem que a maioria dos recursos congelados nos bancos serão trocados por bônus denominados em dólares.
Os argentinos que possuem
contas correntes e cadernetas de
poupança poderão optar por receber esses bônus, que terão vencimento em cinco anos.
O câmbio utilizado para a conversão deverá ser de 1,40 peso por
US$ 1. Ou seja, uma poupança de
14 mil pesos se transformaria em
US$ 10.000 em bônus.
Se optasse por sacar imediatamente todo o dinheiro, o correntista poderia retirar apenas US$
4.255, de acordo com a taxa de
câmbio da última sexta-feira (3,29
pesos por US$ 1). Desta forma, o
governo aumenta a atratividade
dos bônus e espera evitar uma
possível fuga de recursos dos bancos para o dólar quando o curralzinho for eliminado.
Também serão denominados
em dólares os bônus referentes a
depósitos em prazos fixos na
moeda norte-americana -que
haviam sido pesificados pelo ex-ministro Jorge Remes Lenicov.
Esta conversão será obrigatória.
Os papéis terão um prazo de 10
anos para o resgate e pagarão taxa
de juros Libor (vigente no Reino
Unido). O único caso em que os
bônus seriam em pesos é o dos
depósitos a prazos fixos na moeda
local. Esses depósitos seriam devolvidos em títulos com vencimento de cinco anos e teriam
atualização pelo CER (o índice de
indexação da maioria dos contratos na Argentina).
A medida deverá ser enviada ao
Congresso na forma de decreto,
por exigência dos parlamentares.
Desta forma, o governo vai arcar
com todo o desgaste de não devolver os recursos em dinheiro.
Aprovadas as medidas, o governo daria mais um mês para o correntista decidir a forma de resgate
dos recursos. Se houver uma
grande adesão ao plano, o curralzinho poderia acabar em pouco
mais de 60 dias e sem colocar em
risco os bancos, segundo cálculos
do Ministério da Economia.
Outro problema que dever ser
resolvido por Lavagna nesta semana prevê a redução da abrangência do CER. O ministro quer
eliminar o CER para o reajuste de
empréstimos habitacionais, hipotecários, pessoais e aluguéis já vigentes, que passariam a ser indexados a um índice de variação salarial. A formação desse índice
ainda será definida.
Os financiamentos às grandes
empresas, no entanto, continuariam a ser corrigidos pela CER.
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