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São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2003

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Independência financeira existe somente no papel

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As agências reguladoras surgiram a partir de 1997, no governo FHC, para fiscalizar setores que estavam sendo privatizados, como o de telecomunicações e o de energia elétrica. A idéia era criar um órgão independente, com estabilidade, que pudesse assegurar o cumprimento das regras estabelecidas em cada setor, independentemente do governo eleito.
Para isso, seus dirigentes têm estabilidade no cargo e mandatos não coincidentes com os do presidente da República. De acordo com o artigo 9 do texto da lei 9.986/2000, "os conselheiros e os diretores somente perderão seus mandatos em caso de renúncia, de condenação judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar".
Em tese, agências como Aneel e Anatel têm autonomia e independência financeira: arrecadam recursos por meio de taxas cobradas das concessionárias (distribuidoras e geradoras de energia e operadoras de telecomunicações). O dinheiro não pode ser usado para outros fins. Na prática, no entanto, a liberação desses recursos fica a cargo do governo, que pode retê-los e usá-los para fazer superávit.
O orçamento da ANP previsto para este ano, por exemplo, é de R$ 1,415 bilhão. Disso, R$ 909 milhões estão em reserva de contingenciamento, ou seja, só podem ser liberados com aprovação do Congresso Nacional. Dos R$ 506 milhões restantes, apenas R$ 258,5 milhões estão liberados.
O modelo das agências vem sofrendo críticas. Em fevereiro, Lula disse que o Brasil estava sendo "terceirizado" e que "as agências mandam no país".
O relacionamento entre as agências e o governo vem sendo analisado por um grupo interministerial ligado à Casa Civil, mas ainda não foi adotada nenhuma medida. Inicialmente, o objetivo era reduzir os poderes das agências e reforçar a atuação dos ministérios.
Entre as agências estão Anvisa (vigilância sanitária), ANTT (transportes terrestres), Antaq (transportes aquaviários), ANS (saúde) e ANA (águas).


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