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Na Europa, Furlan diz que câmbio valorizado funciona como Viagra
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
Luiz Fernando Furlan, afirmou
ontem, em Bruxelas, que a valorização cambial funciona como
Viagra.
Na alusão feita pelo ministro, o
medicamento, usado contra impotência, provoca euforia, mas
tem benefícios temporários.
A declaração foi feita durante
conferência da União Européia
sobre as perspectivas do comércio
de têxteis e vestuários para os países em desenvolvimento.
No evento, Furlan se encontrou
com o embaixador Rubens Ricupero, secretário-geral da Unctad
(Conferência das Nações Unidas
sobre Comércio e Desenvolvimento), que participou da sessão
de abertura.
Em conversa com Furlan, Ricupero, ex-ministro da Fazenda, fez
críticas à recente valorização
cambial. "A alegria com esse real
mais forte é ilusória. Mas pior do
que a valorização do câmbio é a
maneira como isso está se dando.
Esse processo tem sido sustentado pela entrada de notas de renda
fixa de curto prazo, que é o pior tipo de capital imaginável", declarou Ricupero.
Por esse motivo, para o embaixador, as discussões sobre os impactos do real forte nas exportações têm até relevância, mas estão
fora de foco. "O verdadeiro debate deveria ser sobre maneiras de
atrair investimentos produtivos
para o país", disse.
A receita proposta pelo embaixador é a manutenção de um
câmbio favorável às exportações.
"Se o real se valorizar em excesso,
corremos o risco de voltar à situação vivida entre 1994 e 1998,
quando o câmbio inibia o investimento de empresas voltadas para
o mercado externo", avaliou.
Mas, para Ricupero, ainda é cedo para julgar quando - e se- o
governo brasileiro deve intervir
no câmbio.
(CÍNTIA CARDOSO)
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