ÉRICA FRAGA
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Tesouro Nacional cedeu às pressões do mercado e recomprou, das mãos de instituições financeiras, títulos públicos de longo prazo que vinham se desvalorizando nas últimas semanas.
Para analistas, a decisão do governo teve como principal objetivo evitar perdas de rentabilidade em fundos de investimentos e evitar um aumento dos saques.
Aplicações comuns como fundos DI e de renda fixa têm grandes volumes de LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) em suas carteiras. Como resultado, a queda no valor dos títulos no mercado secundário chegou a afetar, no início de abril, a rentabilidade de algumas aplicações.
Com a recompra das LFTs, a expectativa é que os preços desses papéis pós-fixados se recuperem ou ao menos deixem de cair.
"Se os preços das LFTs não se recuperarem, a tendência é que os saques continuem. Os investidores ficaram traumatizados com as perdas sofridas em 2002, quando esses papéis se desvalorizaram antes das eleições", diz Carlos Cintra, gerente do banco Prosper.
A legislação em vigor desde maio de 2002 obriga os gestores desses fundos a registrar essas variações nos preços dos títulos diariamente -regra conhecida como marcação a mercado. O problema, segundo analistas, é que alguns gestores não vinham registrando as perdas sofridas nos últimos dias porque temiam uma elevação do movimento de saques.
Apenas em abril, os saques superaram as aplicações nos fundos DI em R$ 1,7 bilhão. No mesmo período, o saldo dos fundos de renda fixa foi negativo em R$ 1,27 bilhão. Essa tendência de fuga foi detonada por perdas que os fundos tiveram no início do mês passado, quando se intensificou a desvalorização das LFTs.
Os investidores não querem os títulos pós-fixados de vencimentos mais longos, (com prazo de resgate entre 2007 e 2009) porque vêem riscos maiores para o país no futuro, em conseqüência da expectativa de alta dos juros nos EUA. Com isso, o valor dos papéis tem caído dia a dia.
Ontem, o Tesouro retirou do mercado R$ 958 milhões em LFTs com vencimento entre março de 2007 e março de 2009. O Tesouro tentou vender títulos pós-fixados também, mas não houve interessados nos papéis.


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