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CORREÇÃO DE RUMO
Presidente diz que mudança tributária pode ter prejudicado setores e que legislação sobre trabalho "não pegou"
Lula admite falha na Cofins e no 1º Emprego
GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A RIO VERDE (GO)
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva admitiu que as leis da Cofins
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e do
programa Primeiro Emprego foram adotadas com falhas, que
precisam ser corrigidas ou já foram alteradas por meio de negociação com o Congresso.
Durante discurso na cidade de
Rio Verde, a 230 km de Goiás, o
governador do Estado, Marconi
Perillo (PSDB), disse a Lula que a
falha da Cofins causaria aumento
de 7,5% na cesta básica.
"Quando discutimos a Cofins, o
assunto foi discutido a mil mãos e
a mil cabeças. Na hora da votação,
tivemos de fazer acordos, porque
descobrimos vários setores que
estavam sendo prejudicados, como o turismo. Eu pessoalmente
liguei para o ministro Palocci [Fazenda] e para o líder do governo
para que tivesse uma interferência, para não punir o setor. E, se há
alguma coisa que tenha trazido
problema, e isso venha a causar
aumento na cesta básica é contraditório, por tudo aquilo que sonho em fazer para melhorar a
qualidade de vida do brasileiro."
Lula participou de duas cerimônias em Rio Verde. Ele inaugurou
uma fábrica da Comigo (Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano) e assinou as carteiras de trabalho de
número 5.000 e 5.001 de dois empregados da fábrica da Perdigão.
A Cofins incide sobre duas
questões agrícolas: a desoneração
da importação de insumos e o
crédito presumido para a agroindústria. Nesse último caso, após a
aprovação da proposta no Congresso, Lula vetou alguns artigos e
reduziu a alíquota das contribuições sociais (PIS/Cofins) de 9,25%
para zero. Isso neutralizou o aumento de preços que poderia
acontecer com o fim de um incentivo fiscal (o crédito presumido).
Primeiro Emprego
Já a lei que criou o Primeiro Emprego impede os empresários que
contratarem jovens de demitir
trabalhadores adultos. O governo
avalia que essa exigência afastou
os empresários do programa. Ele
aproveitou os dois discursos feitos em Rio Verde para fazer uma
espécie de mea-culpa.
"Nós estamos preocupados
com a questão do emprego e é por
isso que estamos revendo a lei que
aprovamos em outubro", disse.
Para Lula, a lei "não pegou" justamente porque os empresários se
ressentiram da impossibilidade
de demitir trabalhadores.
"O empresário queria contratar
o jovem, mas, se ele tivesse que
mandar alguém embora por conta da crise econômica, ele não podia. Então, nós estamos mandando agora para o Congresso Nacional uma mudança na lei."
As mudanças em discussão serão feitas nas próximas semanas
por medida provisória. "Aprendi
na minha vida que toda vez que a
gente toma uma decisão e ela não
tem os objetivos que desejamos,
não há nenhum problema de o
governo mudar de posição."
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