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PESO NO BOLSO
Quando o produto exportado sobe, empresa repassa a alta
Preço externo afeta inflação
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O consumidor brasileiro começa a sentir mais fortemente no
bolso a pressão da alta nos preços
dos produtos que o país exporta.
Apesar da taxa elevada de desemprego e da queda na renda, os
produtos industrializados mantêm trajetória de alta.
O coordenador do Índice de
Preços ao Consumidor da Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas), Paulo Picchetti, fez
um estudo em que compara a
evolução dos preços dos produtos
industrializados e a utilização da
capacidade instalada desde 2000.
Toda vez que o uso da capacidade
instalada sobe, os preços vão junto. Mesmo sem demanda interna,
as indústrias com um pé no mercado externo repassam a alta para
o consumidor interno.
Dados divulgados ontem pela
Fipe mostraram elevação de
0,58% nos preços dos produtos
industrializados -a maior taxa
desde junho de 2003.
Essa alta foi um dos motivos da
puxada da inflação para 0,29%
em abril na cidade de São Paulo,
acima do 0,20% previsto pela Fipe. Essa taxa foi pressionada, ainda, pela elevação dos preços dos
remédios, que representaram um
terço da inflação do mês.
Entre os produtos industrializados, o óleo de soja encabeça a lista
das altas. No mês passado, o reajuste foi de 1,1%. Nos últimos 12
meses, o produto acompanhou a
inflação média, ao subir 4,7%,
mas já atinge 112% desde janeiro
de 2000. Nesse mesmo período, a
inflação média foi de 34,6%.
O aço é outro produto exportado que força a alta nos preços internos. Os paulistanos pagaram
10% a mais na compra de um fogão nos últimos 12 meses, mais do
que o dobro da alta da inflação
média no período, de 4,18%.
Estão também na lista dos que
superaram a inflação média os armários para cozinha (8%), as máquinas para secar roupas (6%) e
as geladeiras (5%).
O setor de saúde também teve
forte participação na inflação do
mês passado, somando 55% da
taxa. Os remédios subiram 4,03%,
e as altas foram maiores entre os
produtos mais utilizados, chamados de uso contínuo, diz Picchetti.
A Fipe prevê inflação de 0,35%
para este mês, e a pressão virá dos
industrializados e dos alimentos.
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