São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2004

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PESO NO BOLSO

Quando o produto exportado sobe, empresa repassa a alta

Preço externo afeta inflação

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O consumidor brasileiro começa a sentir mais fortemente no bolso a pressão da alta nos preços dos produtos que o país exporta. Apesar da taxa elevada de desemprego e da queda na renda, os produtos industrializados mantêm trajetória de alta.
O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), Paulo Picchetti, fez um estudo em que compara a evolução dos preços dos produtos industrializados e a utilização da capacidade instalada desde 2000. Toda vez que o uso da capacidade instalada sobe, os preços vão junto. Mesmo sem demanda interna, as indústrias com um pé no mercado externo repassam a alta para o consumidor interno.
Dados divulgados ontem pela Fipe mostraram elevação de 0,58% nos preços dos produtos industrializados -a maior taxa desde junho de 2003.
Essa alta foi um dos motivos da puxada da inflação para 0,29% em abril na cidade de São Paulo, acima do 0,20% previsto pela Fipe. Essa taxa foi pressionada, ainda, pela elevação dos preços dos remédios, que representaram um terço da inflação do mês.
Entre os produtos industrializados, o óleo de soja encabeça a lista das altas. No mês passado, o reajuste foi de 1,1%. Nos últimos 12 meses, o produto acompanhou a inflação média, ao subir 4,7%, mas já atinge 112% desde janeiro de 2000. Nesse mesmo período, a inflação média foi de 34,6%.
O aço é outro produto exportado que força a alta nos preços internos. Os paulistanos pagaram 10% a mais na compra de um fogão nos últimos 12 meses, mais do que o dobro da alta da inflação média no período, de 4,18%.
Estão também na lista dos que superaram a inflação média os armários para cozinha (8%), as máquinas para secar roupas (6%) e as geladeiras (5%).
O setor de saúde também teve forte participação na inflação do mês passado, somando 55% da taxa. Os remédios subiram 4,03%, e as altas foram maiores entre os produtos mais utilizados, chamados de uso contínuo, diz Picchetti.
A Fipe prevê inflação de 0,35% para este mês, e a pressão virá dos industrializados e dos alimentos.


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