São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2004 |
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NOVO COMANDO Diretor-gerente do FMI diz que mudar o cálculo de superávit primário, como quer o Brasil, pode afetar confiança Rato prega credibilidade nas contas públicas
DA REDAÇÃO O novo diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), o espanhol Rodrigo Rato, 55, disse ontem que uma mudança na maneira do cálculo do superávit primário, uma antiga reivindicação brasileira, pode diminuir a credibilidade das contas públicas. "Não será bom para ninguém se houver dúvidas sobre a autenticidade da contabilidade", disse Rato, em sua primeira entrevista como diretor-gerente do FMI. Para Rato, os projetos pilotos nos quais o Fundo está trabalhando com o Brasil serão importantes para dar maior credibilidade ao cálculo do superávit primário (saldos das receitas menos despesas, exceto pagamento de juros da dívida). O diretor reconheceu ainda a importância dos investimentos em infra-estrutura para o desenvolvimento do país. No mês passado, o FMI aceitou que o Brasil faça projetos pilotos para estudar o impacto que o investimento maior em infra-estrutura terá nas contas públicas. Rato foi nomeado para o cargo oficialmente anteontem, após a aprovação do conselho executivo do Fundo. O novo diretor, que foi ministro da Economia da Espanha de 96 até o mês passado, teve o apoio dos principais acionistas do FMI e dos países latino-americanos para assumir o cargo. O diretor-gerente concedeu a entrevista em Madri, no prédio do Ministério da Economia, onde trabalhou durante oito anos. Os EUA, a Argentina e o Brasil, pelas palavras de Rato, estão no centro das preocupações do Fundo. O espanhol fez coro às recentes críticas do FMI a respeito dos déficits gêmeos dos EUA, o público e o comercial. Diz ainda que as taxas de câmbio precisam refletir a realidade econômica, o que soou como uma crítica às intervenções dos países asiáticos. Rato negou que, pelo fato de a Espanha ser o segundo maior investidor na América Latina, atrás apenas dos EUA, vá privilegiar as empresas de seu país. Afirmou que não vê conflitos de interesse no cargo e que o exercerá de maneira independente. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista de Rato. BRASIL - Não será bom para ninguém se houver dúvidas sobre a
autenticidade da contabilidade
[do superávit primário], e acho
que as autoridades brasileiras reconhecem isso. EUA - A economia americana está em uma fase de crescimento
forte e sustentado. Claramente,
esse crescimento não inclui riscos
inflacionários. Há dois déficits
que precisam ser corrigidos, o orçamentário e o comercial. Não há
dúvidas de que esses desequilíbrios precisam ser corrigidos. CÂMBIO - O desempenho das
moedas deve refletir a realidade
da economia. Mas essa correção
também precisa ser feita de maneira ordenada, não de um modo
brusco, que poderia afetar a confiança do mercado. Nenhuma política que distorça essa situação é
positiva no médio prazo. ARGENTINA - O FMI acompanha
[as negociações do governo argentino com os credores privados] com muita atenção, porque
afetam a sustentabilidade da dívida argentina, mas trata-se de uma
relação bilateral entre o governo e
seus credores. Com agências internacionais Texto Anterior: Integração: EUA vão negociar bloco comercial com a Colômbia, o Peru e o Equador Próximo Texto: Dívida externa: Kirchner diz a credor que não muda oferta Índice |
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