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DÍVIDA EXTERNA
Reunião foi em NY
Kirchner diz a credor que não muda oferta
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, indicou ontem em
reunião com investidores em Nova York que o país pretende manter sua oferta de reestruturação da
dívida com credores privados.
A proposta -que se seguiu à
moratória declarada pelo país em
dezembro de 2001-, criticada
pelos credores, prevê o pagamento de apenas 25% do valor nominal da dívida, de mais de US$ 80
bilhões.
"A proposta de Dubai [durante
a reunião do Fundo Monetário
Internacional nos Emirados Árabes, em setembro do ano passado] foi séria. Não me animaria a
fazer uma [outra] proposta que
depois não se cumpra", declarou
Kirchner, após ser questionado se
pretendia "melhorar" a proposta.
Ele acrescentou que a dívida argentina equivale a 150% de seu
PIB (Produto Interno Bruto).
"Não há país no mundo assim."
Em mais de um momento ele
reiterou a intenção de não alterar
a proposta. Logo na chegada à
reunião promovida pelo Council
of Americas, em que discursou, o
presidente afirmou que "a Argentina é um país sério" e que "não
muda de posição todos os dias".
Em seu discurso, Kirchner afirmou que o país cumprirá seus
compromissos, mas levando em
conta possibilidades de crescimento e seus problemas sociais.
Ele disse ainda que o país enfrenta o "paradoxo" de ter contado com o apoio das instituições financeiras internacionais para o
modelo econômico que levou a
Argentina ao "colapso" e, agora,
que sua economia se recupera, ter
que superar a crise "sem o apoio
internacional" ou mesmo contrariando os organismos financeiros
mundiais.
"Os que nos apoiaram durante
a queda agora não nos querem
dar apoio. Isso não é bom para a
Argentina nem será bom para
ninguém no mundo", declarou.
Kirchner citou uma série de dados econômicos para convencer
sua platéia da recuperação argentina, entre eles o crescimento de
8,7% do PIB em 2003, a expectativa de 7% de crescimento em 2004,
o esforço para um superávit fiscal
de 5% ao ano e a queda do desemprego, durante seu governo, de
24% para 14,5% da população
economicamente ativa.
"A Argentina precisa de investimentos -produtivos, e não especulativos. Queremos construir
um capitalismo sério", disse.
"Que conte com um Estado inteligente, que possa corrigir males
que o mercado não consegue. Um
capitalismo com inclusão social."
"Ainda estamos no inferno",
declarou Kirchner, afirmando esperar que, ao fim de seu mandato,
o país tenha "uma porta para o
purgatório".
O presidente argentino afirmou
que o país vê como prioritária a
consolidação do Mercosul e, referindo-se à Alca, porém sem mencioná-la, disse que já recomendou
ao presidente dos EUA, George
W. Bush, que conheça a história
da construção da União Européia
-onde, disse, houve ajuda dos
países mais ricos aos mais pobres.
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