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COMÉRCIO EXTERIOR
Superávit de apenas US$ 30 milhões em abril confirma pouca recuperação das exportações, apesar da máxi
Balança acumula déficit de US$ 779 mi
ISABEL VERSIANI
da Sucursal de Brasília
A balança comercial voltou a ter
um desempenho fraco em abril,
apesar da desvalorização do real.
Houve um superávit de apenas
US$ 30 milhões, resultado de exportações de US$ 3,705 bilhões e
importações de US$ 3,675 bilhões.
Com esses valores, o déficit comercial acumulado no ano ficou
em US$ 779 milhões, o que torna
impossível cumprir a previsão de
um superávit de US$ 11 bilhões em
99, que consta do acordo com o
Fundo Monetário Internacional.
Nesta semana, o presidente do
Banco Central, Armínio Fraga,
descartou a possibilidade de esse
superávit ser alcançado.
Na prática, isso pode resultar em
uma dependência maior de investimentos e empréstimos externos
para o cumprimento dos compromissos do Brasil com o resto do
mundo.
Ontem, o secretário de Comércio
Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Mário Marconini, disse que, "em breve", sua secretaria
divulgará novas projeções para o
resultado da balança no ano.
Indagado se um superávit de US$
2 bilhões no ano poderia ser um resultado plausível, Marconini respondeu: "Acho que US$ 2 bilhões é
pouco".
Segundo o secretário, em abril a
balança foi parcialmente prejudicada pela paralisação de auditores
e fiscais da Receita Federal, promovida nos dois últimos dias do
mês. Nesse período, a média diária
de exportações sofreu uma redução de 31,4%, e a de importações,
de 25,2%.
Em comparação com abril de
1998, as exportações no mês passado caíram 18,96%. No mesmo período, as importações tiveram
uma redução de 23,38%.
De acordo com o secretário, as
vendas do país para os Estados
Unidos também foram afetadas
negativamente pela cobrança, por
parte dos armadores norte-americanos, de uma sobretaxa nos fretes
da rota de exportação Brasil-Estados Unidos.
A sobretaxa começou a ser cobrada em 21 de março e suspensa
depois de negociações entre armadores e governo brasileiro. O mercado norte-americano absorve
18% das exportações brasileiras.
As exportações brasileiras estão
sendo prejudicadas, ainda, pela
queda internacional dos preços
das commodities, em consequência do aumento da capacidade de
produção mundial. Essa tendência
vem se verificando nos últimos
três anos.
Marconini afirmou que o governo espera uma melhora nos resultados da balança comercial nos
próximos meses.
A expectativa é que as vendas para o mercado externo sejam beneficiadas pela retomada das linhas
de financiamento externas às exportações, pelo início das vendas
da safra agrícola e pelo crescimento da economia norte-americana.
Ele ressalvou que os exportadores deverão encontrar dificuldade
nas vendas para os mercados latino-americanos. "O desempenho
estará condicionado à queda na
renda desses países."
Relação estatística
Segundo Marconini, para cada
um 1% de queda no PIB (Produto
Interno Bruto, conjunto de riquezas produzidas no país) do país
corresponderia uma redução de
2% no total importado.
No caso brasileiro, o governo está trabalhando agora com a perspectiva de uma queda de 2% no
PIB este ano -já foi prevista uma
queda superior a 3,5%.
Desde a desvalorização do real,
houve progressos até surpreendentes do lado financeiro: os juros
e as cotações do dólar caíram. No
entanto, o desempenho das exportações continua decepcionando.
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