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MERCADO DE CAPITAIS
Investidor local começa a voltar para a Bolsa, compensando parte da saída de capital externo
Estrangeiro tira quase R$ 2 bi da Bovespa
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA REPORTAGEM LOCAL
No mês passado, investidores
estrangeiros tiraram R$ 897,2 milhões da Bolsa de Valores de São
Paulo. É o pior resultado desde
dezembro de 1998. O déficit é a diferença entre as compras e as vendas de ações realizadas por estrangeiros na Bovespa.
No ano, o saldo negativo acumulado é de R$ 1,93 bilhão.
Por outro lado, já há sinais de
que, graças a investidores brasileiros, o volume negociado na Bolsa
paulista deva registrar um resultado melhor neste mês.
Um dos motivos para a "sangria
estrangeira" foi a instabilidade do
mercado internacional, principalmente nos Estados Unidos.
No dia 16 de maio, o Federal Reserve elevou os juros dos EUA em
0,5 ponto percentual. A taxa foi
para 6,5% ao ano, a mais alta desde 1991, para afastar o risco de um
aumento da inflação no país.
Juros maiores prejudicam as
Bolsas, porque os investidores
migram das ações para aplicações
de renda fixa, mais seguras.
Além do aumento, o Fed anunciou que passaria a adotar o viés
de alta, indicando que novas elevações poderiam acontecer.
Isso fez com que muitos investidores tirassem o dinheiro aplicado em países emergentes e o colocassem nos Estados Unidos, onde
o risco é menor.
Muitos analistas dizem ainda
que a alta carga tributária sobre as
transações na Bolsa -por causa
de tributos como a CPMF- acaba espantando os estrangeiros,
que preferem investir nos ADRs
(American Depositary Receipts)
de empresas brasileiras negociados nas Bolsas dos EUA.
Segundo Michel Campanella,
analista da corretora Socopa, os
estrangeiros têm procurado a Bovespa, principalmente, para fazer
arbitragem.
Uma operação de arbitragem
busca auferir ganhos por meio da
diferença de cotações do mesmo
ativo em mercados diferentes.
Investidor local
Apesar do resultado negativo
registrado em maio, as perspectivas para este mês são um pouco
mais otimistas.
A tendência é que o investidor
estrangeiro continue evitando a
Bovespa, mas investidores brasileiros devem começar a voltar
com mais força.
"O investidor local é sempre o
primeiro a voltar (ao mercado)",
diz Campanella, da Socopa.
Um dos sinais de que esse retorno está começando é o aumento
do volume negociado na Bolsa
paulista na última semana.
Em maio, o giro financeiro médio foi de R$ 664,5 milhões ao dia,
o mais baixo dos últimos sete meses. Na semana passada, porém,
essa média ficou em R$ 982,8 milhões -descontando-se o fraco
movimento da última segunda-feira, quando poucos negócios foram feitos devido ao feriado comemorado naquele dia nos EUA.
Campanella diz que, mesmo
com os sinais de que a economia
norte-americana está se desaquecendo, ainda é cedo para dizer
que não haverá novos aumentos
nos juros. Por isso, no curto prazo, o investidor estrangeiro não
deve voltar a colocar seu dinheiro
na Bovespa.
Na última sexta-feira, o anúncio
do aumento no desemprego dos
Estados Unidos foi recebido com
euforia. O mercado entendeu que
se tratava de um sinal de que o ritmo de crescimento da economia
está diminuindo.
Com a economia crescendo
mais lentamente, o risco de inflação diminui, assim como a possibilidade de o Fed continuar elevando os juros praticados no país.
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