São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2000


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MERCADO DE CAPITAIS
Investidor local começa a voltar para a Bolsa, compensando parte da saída de capital externo
Estrangeiro tira quase R$ 2 bi da Bovespa

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA REPORTAGEM LOCAL

No mês passado, investidores estrangeiros tiraram R$ 897,2 milhões da Bolsa de Valores de São Paulo. É o pior resultado desde dezembro de 1998. O déficit é a diferença entre as compras e as vendas de ações realizadas por estrangeiros na Bovespa.
No ano, o saldo negativo acumulado é de R$ 1,93 bilhão.
Por outro lado, já há sinais de que, graças a investidores brasileiros, o volume negociado na Bolsa paulista deva registrar um resultado melhor neste mês.
Um dos motivos para a "sangria estrangeira" foi a instabilidade do mercado internacional, principalmente nos Estados Unidos.
No dia 16 de maio, o Federal Reserve elevou os juros dos EUA em 0,5 ponto percentual. A taxa foi para 6,5% ao ano, a mais alta desde 1991, para afastar o risco de um aumento da inflação no país.
Juros maiores prejudicam as Bolsas, porque os investidores migram das ações para aplicações de renda fixa, mais seguras.
Além do aumento, o Fed anunciou que passaria a adotar o viés de alta, indicando que novas elevações poderiam acontecer.
Isso fez com que muitos investidores tirassem o dinheiro aplicado em países emergentes e o colocassem nos Estados Unidos, onde o risco é menor.
Muitos analistas dizem ainda que a alta carga tributária sobre as transações na Bolsa -por causa de tributos como a CPMF- acaba espantando os estrangeiros, que preferem investir nos ADRs (American Depositary Receipts) de empresas brasileiras negociados nas Bolsas dos EUA.
Segundo Michel Campanella, analista da corretora Socopa, os estrangeiros têm procurado a Bovespa, principalmente, para fazer arbitragem.
Uma operação de arbitragem busca auferir ganhos por meio da diferença de cotações do mesmo ativo em mercados diferentes.

Investidor local
Apesar do resultado negativo registrado em maio, as perspectivas para este mês são um pouco mais otimistas.
A tendência é que o investidor estrangeiro continue evitando a Bovespa, mas investidores brasileiros devem começar a voltar com mais força.
"O investidor local é sempre o primeiro a voltar (ao mercado)", diz Campanella, da Socopa.
Um dos sinais de que esse retorno está começando é o aumento do volume negociado na Bolsa paulista na última semana.
Em maio, o giro financeiro médio foi de R$ 664,5 milhões ao dia, o mais baixo dos últimos sete meses. Na semana passada, porém, essa média ficou em R$ 982,8 milhões -descontando-se o fraco movimento da última segunda-feira, quando poucos negócios foram feitos devido ao feriado comemorado naquele dia nos EUA.
Campanella diz que, mesmo com os sinais de que a economia norte-americana está se desaquecendo, ainda é cedo para dizer que não haverá novos aumentos nos juros. Por isso, no curto prazo, o investidor estrangeiro não deve voltar a colocar seu dinheiro na Bovespa.
Na última sexta-feira, o anúncio do aumento no desemprego dos Estados Unidos foi recebido com euforia. O mercado entendeu que se tratava de um sinal de que o ritmo de crescimento da economia está diminuindo.
Com a economia crescendo mais lentamente, o risco de inflação diminui, assim como a possibilidade de o Fed continuar elevando os juros praticados no país.


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