São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2000


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Prefixados têm espaço reaberto

LEONARDO SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL

O humor do mercado brasileiro mudou em relação à trajetória dos juros, o que abre espaço para que o Tesouro Nacional volte a colocar no mercado títulos prefixados (leia-se LTNs).
O Tesouro já anunciou que hoje leiloará somente LFTs (pós-fixados), depois de quatro semanas sem emitir LTNs.
Ontem, o volume de negócios com contratos que representam juros, no mercado futuro, apontou que o mercado acredita em queda da taxa. Foram negociados 18,13 mil contratos com vencimento em outubro, ante 53,94 mil de dezembro.
Quando a situação é de incerteza, a maioria dos negócios no mercado futuro concentra-se no vencimento mais curto.
As operações de troca de DI (pós-fixado) para taxa prefixada, que medem as apostas na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), apontavam taxa para prazo de um ano de 20,3%, mesmo patamar do último leilão de LTN realizado pelo Tesouro, na primeira semana de maio.
Na opinião de Joaquim Paulo Kokudai, diretor de renda fixa do Lloyds TSB, o sinal de desaceleração da economia dos Estados Unidos influenciou de forma positiva o mercado brasileiro.
Para ele, se o mercado continuar tranquilo até o final desta semana, o Tesouro poderá retomar os leilões de LTN na próxima terça-feira, mesmo que com lotes pequenos. "A tendência é de juros menores", disse.
Flávio Bojikian, da BankBoston Asset, avalia que há demanda para emissão de LTN. "Se o Tesouro colocar papéis prefixados na semana que vem, ele conseguirá vender os lotes integralmente", afirmou.
Ele acredita que os juros devem cair no mercado. No entanto, entende que o Tesouro vai optar por não leiloar prefixados na próxima semana. "Acho que a escolha vai passar pelo conservadorismo. Vai querer se certificar de que o mercado está realmente calmo."
O último dia em que o Tesouro fez leilão de prefixados foi 2 de maio. Depois de pagar 18,2% pelos papéis de um ano, no final de março, o Tesouro aceitou remunerar os investidores a 20,3% na primeira semana do mês passado. Na semana seguinte o mercado exigiu prêmio ainda maior para emprestar dinheiro ao governo via LTNs. Só que o Tesouro resolver suspender o leilão até que o mercado se acalmasse.
Nos títulos prefixados o risco é assumido por quem compra os papéis. Como a taxa de remuneração já está estabelecida, se os juros da economia sobem, o detentor dos títulos deixa de ganhar. Ou, por outro ângulo, perde dinheiro.
Nos pós-fixados, o risco é do governo, pois a remuneração acompanha a trajetória dos juros. Se a taxa de mercado sobe, o investidor ganha. Por isso, quando há incerteza no mercado os investidores tendem a optar por pós-fixados, ou, pedir taxas maiores para comprar prefixados.
"Minha avaliação é que seria prudente se o Tesouro esperasse mais uma semana para voltar a ofertar LTNs", disse Marcelo Saddi, diretor de renda fixa da BNP Asset Management.



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