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Prefixados têm espaço reaberto
LEONARDO SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL
O humor do mercado brasileiro
mudou em relação à trajetória dos
juros, o que abre espaço para que
o Tesouro Nacional volte a colocar no mercado títulos prefixados
(leia-se LTNs).
O Tesouro já anunciou que hoje
leiloará somente LFTs (pós-fixados), depois de quatro semanas
sem emitir LTNs.
Ontem, o volume de negócios
com contratos que representam
juros, no mercado futuro, apontou que o mercado acredita em
queda da taxa. Foram negociados
18,13 mil contratos com vencimento em outubro, ante 53,94 mil
de dezembro.
Quando a situação é de incerteza, a maioria dos negócios no
mercado futuro concentra-se no
vencimento mais curto.
As operações de troca de DI
(pós-fixado) para taxa prefixada,
que medem as apostas na BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros), apontavam taxa para prazo
de um ano de 20,3%, mesmo patamar do último leilão de LTN
realizado pelo Tesouro, na primeira semana de maio.
Na opinião de Joaquim Paulo
Kokudai, diretor de renda fixa do
Lloyds TSB, o sinal de desaceleração da economia dos Estados
Unidos influenciou de forma positiva o mercado brasileiro.
Para ele, se o mercado continuar tranquilo até o final desta semana, o Tesouro poderá retomar
os leilões de LTN na próxima terça-feira, mesmo que com lotes pequenos. "A tendência é de juros
menores", disse.
Flávio Bojikian, da BankBoston
Asset, avalia que há demanda para emissão de LTN. "Se o Tesouro
colocar papéis prefixados na semana que vem, ele conseguirá
vender os lotes integralmente",
afirmou.
Ele acredita que os juros devem
cair no mercado. No entanto, entende que o Tesouro vai optar por
não leiloar prefixados na próxima
semana. "Acho que a escolha vai
passar pelo conservadorismo. Vai
querer se certificar de que o mercado está realmente calmo."
O último dia em que o Tesouro
fez leilão de prefixados foi 2 de
maio. Depois de pagar 18,2% pelos papéis de um ano, no final de
março, o Tesouro aceitou remunerar os investidores a 20,3% na
primeira semana do mês passado.
Na semana seguinte o mercado
exigiu prêmio ainda maior para
emprestar dinheiro ao governo
via LTNs. Só que o Tesouro resolver suspender o leilão até que o
mercado se acalmasse.
Nos títulos prefixados o risco é
assumido por quem compra os
papéis. Como a taxa de remuneração já está estabelecida, se os juros da economia sobem, o detentor dos títulos deixa de ganhar.
Ou, por outro ângulo, perde dinheiro.
Nos pós-fixados, o risco é do governo, pois a remuneração acompanha a trajetória dos juros. Se a
taxa de mercado sobe, o investidor ganha. Por isso, quando há
incerteza no mercado os investidores tendem a optar por pós-fixados, ou, pedir taxas maiores para comprar prefixados.
"Minha avaliação é que seria
prudente se o Tesouro esperasse
mais uma semana para voltar a
ofertar LTNs", disse Marcelo Saddi, diretor de renda fixa da BNP
Asset Management.
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