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POR UM FIO
Cortes seletivos de eletricidade em alguns bairros exigem aviso prévio, dizem órgãos de defesa do consumidor
Energéticas desrespeitam consumidores
LÁSZLÓ VARGA
SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Toda a cadeia de fornecimento
de energia elétrica do país, desde
o Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS) até as concessionárias, tem desrespeitado os direitos básicos do consumidor. Órgãos e advogados de defesa de
usuários declararam ontem ser
totalmente ilegais programas que
priorizam cortes de energia em
determinados bairros.
A existência desses planos foi
divulgada pela Folha no domingo, depois que um funcionário da
CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) admitiu que a empresa possuía planilhas de cortes.
Segundo ele, o uso do programa
certamente entrou em vigor em
abril, quando o Estado de São
Paulo atingiu o recorde de consumo.
Para Flávia Lefévre, diretora do
Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), "a existência desses
programas é totalmente ilegal." A
operação viola o artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor,
que prevê o direito de fornecimento contínuo, assim como a lei
de concessões, a qual determina
que os cortes precisam ser previamente avisados.
A Eletropaulo admitiu que possui um plano de contingência que
estipula quais bairros em municípios do Estado devem ser prioritariamente privados de energia.
Segundo sua assessoria, o programa não é divulgado para não
criar clima de apreensão para os
consumidores. A companhia negou que o programa esteja em uso
no momento, mas informou que
há quatro anos foi colocado em
prática.
Um sindicalista declarou, porém, que desde o blecaute de março de 98 muitas concessionárias
adotaram a estratégia de fazer
cortes seletivos.
Para a diretora-executiva da
Fundação Procon, Maria Inês
Fornazaro, os usuários têm o direito básico de saber se seu bairro
está mais vulnerável a um corte de
energia. "O artigo 6 do Código do
Consumidor prevê claramente o
direito de saber o risco que um
produto ou serviço acarreta."
A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) e o ONS disseram que os planos de contingência existem em qualquer país. A
Aneel declarou que têm auxiliado
consumidores atingidos pela falta
de energia a serem ressarcidos.
O presidente da CTEEP, José
Colombo Martini, negou que o
plano de contingenciamento esteja em uso em São Paulo.
Martini afirmou ainda que o pico de consumo no Estado foi no
dia 18 de abril e não no dia 27, como o funcionário de sua empresa
informou.
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