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Governo vê "pouco espaço" para o Copom reduzir a taxa neste mês
DO EDITOR DE DINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na avaliação de hoje do governo, há pouco espaço para o Copom (Conselho de Política Monetária) reduzir a taxa básica de juros da economia (a taxa Selic),
atualmente em 26,5% ao ano, na
sua próxima reunião, nos dias 17 e
18 deste mês.
Segundo a Folha apurou, a cúpula do governo avalia ser mais
provável a queda apenas na reunião que será realizada em julho.
Apesar desse diagnóstico, não
está descartada a redução ainda
neste mês. Ela depende, porém,
da diminuição significativa dos
índices de inflação que serão conhecidos na semana da reunião
do Copom.
O indicador mais aguardado é o
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que baliza as metas de inflação do governo. O índice referente a maio será divulgado
na próxima terça-feira.
O governo ainda vê uma forte
resistência de setores oligopolizados (nos quais poucos grupos
empresariais detêm a produção)
em reduzir os preços ao consumidor. O núcleo da inflação do IPCA
continuaria muito alto. Estaria
convergindo para a meta de forma ainda lenta.
Descontos confundem
Segundo avaliação do governo,
os empresários também estariam
optando por conceder "descontos" nas vendas em vez de reduzir
os preços.
Com isso, estariam confundindo as medições do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que apura o índice, e deixando aberta a possibilidade de
elevar novamente os preços
quando desejarem.
Apenas com a queda significativa desses indicadores seria aberta
a possibilidade, hoje pequena, de
queda da taxa já nos dias 17 e 18.
Essa avaliação da cúpula do governo leva em conta os sinais que
o presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, e a diretoria
do BC vêm dando sobre os juros.
Apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dito que em
breve haverá o "espetáculo do
crescimento" e que antes do que
seus críticos imaginam o Brasil
dará início a uma fase de crescimento econômico, a equipe econômica, capitaneada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci
Filho, deverá ainda adotar uma
atitude cautelosa.
"Fogo amigo"
Lula está fechado com Palocci.
Seu discurso pró-crescimento deve ser levado em conta mais como
uma satisfação política aos críticos do que como um sinal de
pressão sobre a equipe econômica. Palocci tem saído fortalecido
de todas as rusgas com seus opositores.
O chamado "fogo amigo", ataques de membros do próprio governo à política econômica, também continua a pressionar Lula e
Palocci a serem cautelosos em relação à queda dos juros.
A cúpula do governo, formada
por Lula e por ministros petistas
próximos a ele, avalia que a queda
dos juros tem de ocorrer apenas
quando Palocci, Meirelles e o Copom julgarem tecnicamente possível.
Quanto mais "fogo amigo" contra o Copom, mais Lula perde
margem de manobra política,
porque acha que a decisão de queda poderá ser interpretada como
interferência sua, minando a credibilidade de Palocci.
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