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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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Governo vê "pouco espaço" para o Copom reduzir a taxa neste mês

DO EDITOR DE DINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na avaliação de hoje do governo, há pouco espaço para o Copom (Conselho de Política Monetária) reduzir a taxa básica de juros da economia (a taxa Selic), atualmente em 26,5% ao ano, na sua próxima reunião, nos dias 17 e 18 deste mês.
Segundo a Folha apurou, a cúpula do governo avalia ser mais provável a queda apenas na reunião que será realizada em julho.
Apesar desse diagnóstico, não está descartada a redução ainda neste mês. Ela depende, porém, da diminuição significativa dos índices de inflação que serão conhecidos na semana da reunião do Copom.
O indicador mais aguardado é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que baliza as metas de inflação do governo. O índice referente a maio será divulgado na próxima terça-feira.
O governo ainda vê uma forte resistência de setores oligopolizados (nos quais poucos grupos empresariais detêm a produção) em reduzir os preços ao consumidor. O núcleo da inflação do IPCA continuaria muito alto. Estaria convergindo para a meta de forma ainda lenta.

Descontos confundem
Segundo avaliação do governo, os empresários também estariam optando por conceder "descontos" nas vendas em vez de reduzir os preços.
Com isso, estariam confundindo as medições do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que apura o índice, e deixando aberta a possibilidade de elevar novamente os preços quando desejarem.
Apenas com a queda significativa desses indicadores seria aberta a possibilidade, hoje pequena, de queda da taxa já nos dias 17 e 18.
Essa avaliação da cúpula do governo leva em conta os sinais que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e a diretoria do BC vêm dando sobre os juros.
Apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dito que em breve haverá o "espetáculo do crescimento" e que antes do que seus críticos imaginam o Brasil dará início a uma fase de crescimento econômico, a equipe econômica, capitaneada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, deverá ainda adotar uma atitude cautelosa.

"Fogo amigo"
Lula está fechado com Palocci. Seu discurso pró-crescimento deve ser levado em conta mais como uma satisfação política aos críticos do que como um sinal de pressão sobre a equipe econômica. Palocci tem saído fortalecido de todas as rusgas com seus opositores.
O chamado "fogo amigo", ataques de membros do próprio governo à política econômica, também continua a pressionar Lula e Palocci a serem cautelosos em relação à queda dos juros.
A cúpula do governo, formada por Lula e por ministros petistas próximos a ele, avalia que a queda dos juros tem de ocorrer apenas quando Palocci, Meirelles e o Copom julgarem tecnicamente possível.
Quanto mais "fogo amigo" contra o Copom, mais Lula perde margem de manobra política, porque acha que a decisão de queda poderá ser interpretada como interferência sua, minando a credibilidade de Palocci.


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