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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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Lucro de bancos com empréstimos é o maior desde fevereiro de 2000

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A margem de lucro dos bancos com financiamentos e empréstimos para as pessoas físicas atingiu no mês de abril o maior nível desde fevereiro de 2000.
Desta vez, nem as tradicionais justificativas que os bancos sempre empregaram para explicar os elevados juros cobrados dos consumidores podem ser dadas. Em março e abril deste ano, o chamado "spread" bancário (que também pode ser lido como o ganho com as operações de crédito") aumentou significativamente, sem nenhum fator adicional aparente.
Segundo dados do Banco Central, a inadimplência das pessoas físicas caiu, os juros básicos da economia ficaram estáveis e as alíquotas do recolhimento compulsório (dinheiro retido no BC) não foram alteradas. Os bancos usam essa tríade de argumentos, mais a carga tributária, como justificativa para o aumento dos "spreads" embutidos nos juros.
Essa elevação do ganho com as operações de crédito ajuda a entender por que o lucro dos bancos no primeiro trimestre deste ano alcançou R$ 4,780 bilhões, o que representou aumento de 18,69%, em relação aos R$ 4,027 bilhões verificados no mesmo período do ano passado.
Os números fazem parte de levantamento feito pelo Banco Central com base nas demonstrações financeiras de 164 bancos que atuam no país.
Em janeiro deste ano, o "spread" sobre as operações para pessoas físicas estava em 56,8%. Isso significa que a diferença entre a taxa média paga pelos bancos para remunerar o dinheiro dos clientes, como o poupador da caderneta, e os juros cobrados dos tomadores de empréstimos, como as pessoas que entram no cheque especial, era de 56,8 pontos percentuais.
Em fevereiro, essa taxa caiu um pouco, para 56,3%. Mas em março, subiu para 59,9%. Em abril, aumentou novamente, para 61,1%. Em fevereiro de 2000 era de 66,8%.
O "spread" sobre as operações para as empresas caiu de fevereiro para março, de 15,1% para 14,9%. Mas em abril subiu para 15,3%. A taxa média geral (pessoas jurídicas mais pessoas físicas) também subiu de março para abril de 33,2% para 34,1%.
De fevereiro para março, a taxa de inadimplência média sobre as operações de crédito para as pessoas físicas caiu de 7,9% para 7,6%. Em abril, permaneceu em 7,6%.
Essa taxa representa o quanto do total dos empréstimos e financiamentos feitos para os consumidores estava em atraso por um período superior a 90 dias.
Nos mesmos dois meses, a taxa básica básica de juros da economia (Selic) ficou inalterada em 26,5% ao ano. As alíquotas do recolhimento compulsório (parte dos depósitos à vista, a prazo e da poupança que os bancos são obrigados a recolher ao BC) também não foram alteradas.
"Isso prova que não é tão direta assim essa correlação entre inadimplência e "spread" bancário", disse à Folha o líder do governo no Congresso, senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
Mercadante defende que os bancos públicos, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, sejam usados "como mais um instrumento" para forçar a redução do "spread".


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