|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SINDICALISMO
União de correntes define que papel da central no governo será de mais participação e menos crítica e radicalismo
CUT descarta ruptura e se aproxima de Lula
CLAUDIA ROLLI
VINICIUS ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O papel da CUT no governo Lula será de mais participação e menos crítica e radicalismo. A decisão ocorreu ontem, no terceiro
dia do 8º Congresso Nacional da
central, quando foram votadas
propostas para nortear o rumo da
entidade nos próximos três anos.
Reunindo entre 75% e 80% dos
votos dos 2.735 delegados que
participam do congresso, três
correntes sindicais se uniram -a
Articulação Sindical, a CSC (Corrente Sindical Classista) e a CSD
(CUT Socialista Democrática)-
e derrubaram propostas mais radicais, como o rompimento do
acordo com o FMI e a suspensão
do pagamento da dívida externa.
As posições mais críticas eram
mantidas por delegados ligados
ao PSTU e pelo movimento Fortalecer a CUT, composto por várias correntes sindicais ligadas à
esquerda do PT.
Textos que propunham ruptura
com a atual política econômica
dão espaço a teses que propõem o
"diálogo" com o governo para desenvolver uma "política voltada
para o crescimento econômico".
Durante a votação de ontem, o
texto que propunha unir a América Latina contra a Alca, o FMI e a
dívida externa também foi rejeitado. Mas a central afirma em outro
trecho que fará "contraposição
enérgica" -sem detalhar como- ao bloco. No ano passado, a
CUT participou de um plebiscito
sobre o tema -a enquete reuniu
10 milhões de pessoas, das quais
98,33% votaram contra a Alca.
A proposta de retirada da CUT
do Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social para marcar
sua posição contra um "pacto social" também foi rejeitada. Para as
correntes ligadas à esquerda, participar do conselho significa entrar em consenso com "banqueiros, latifundiários e empresários"
e unir interesses "antagônicos".
"Sempre reivindicamos um espaço de negociação. O conselho é
uma forma democrática de participar do governo. Participar não
significa que seremos cooptados",
diz o presidente da CUT, João Felício, membro da Articulação.
Palavras de ordem como "fora
ministros burgueses do governo
Lula" também foram retiradas.
Ao tratar do papel do BC, a CUT
mantém a posição de que o banco
deve ser "um instrumento dos
objetivos nacionais, o oposto à
proposta de um BC independente". Mas na votação de ontem saíram críticas mais radicais e contundentes à autonomia do BC. O
texto reprovado classificava a autonomia como "terceirização a
serviço do capital financeiro".
Também foi rejeitado pela
maioria dos delegados o texto que
questionava a indicação de Luiz
Marinho para presidente da CUT.
A indicação feita por Lula foi entendida pelas correntes de esquerda como uma tentativa do governo de "enquadrar" a central.
"A CUT não vai mudar a sua
história. Quem mudou foi o governo no Brasil. Mas a central vai
continuar a mesma, com autonomia. Ninguém manda na CUT,
nem o PT, nem o PC do B, nem o
PSTU", diz Felício.
Texto Anterior: Fome zero Próximo Texto: Telefonia: Teles aceitam negociar reajuste se meta de universalização for revista Índice
|