|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELEFONIA
Governo quer evitar impacto de repasse do IGP-DI
Teles aceitam negociar reajuste se meta de universalização for revista
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
As principais empresas de telefonia fixa do país devem aceitar
receber reajuste menor para as tarifas do que o previsto em contrato, desde que o governo ofereça
como contrapartida uma redução
nas metas de universalização dos
serviços. O acordo terá que ser fechado nos próximos dias porque
o índice de reajuste das tarifas
precisa ser anunciado neste mês
para entrar em vigor em julho.
O novo presidente da Abrafix
(Associação Brasileira de Telefonia Fixa), Carlos de Paiva Lopes,
disse ontem que ""há espaço para
a negociação do índice [de reajuste]". ""As empresas estão dispostas a não abrir mão do índice.
Mas, se não se aplicar o reajuste
total, que se negociem contrapartidas, desde que as duas partes estejam de acordo", disse Lopes.
Os contratos em vigor, assinados em 1998, prevêem que o reajuste anual da tarifas tomará por
base a variação do IGP-DI nos 12
meses imediatamente anteriores.
Mas esse índice deverá ficar em
32%, uma vez que é um indicador
altamente ""contaminado" pela
variação do dólar -ou seja, vai
refletir a pressão sobre custos da
enorme desvalorização do real
ocorrida em 2002. A intenção do
governo é evitar o repasse integral
do IGP-DI para as tarifas, a fim de
amenizar o impacto do reajuste
sobre a inflação. Ou mesmo parcelar a correção da tarifa. ""Há espaço para negociar, mas não podemos alterar o equilíbrio financeiro das empresas", disse o presidente da Abrafix, que representa
Brasil Telecom, Telefônica e Telemar, três das principais operadoras de telefonia fixa.
Entre as metas que as empresas
pretendem ver flexibilizadas
-em troca de um reajuste menor- estaria a determinação para fazer reparos em prazo de até
12 horas e a do número de telefones públicos que são obrigadas a
instalar em diferentes localidades,
a partir da população. Segundo a
Abrafix, na negociação dos índices de reajuste, o governo terá que
considerar que dois terços dos
terminais (linhas) em operação
não são rentáveis. "É um custo
que as empresas têm e não está diretamente relacionado com a alta
do dólar", argumentou Lopes.
Desindexação
Anteontem, depois de reunião
com representantes das empresas, o governo anunciou que vai
desindexar (deixar de atrelar o
percentual de reajuste à inflação
passada) as tarifas do setor. Mas
essa medida valerá apenas na renovação dos contratos, que terão
validade de 2006 a 2026.
Pelo acordo, anunciado pelo
governo, os reajustes, a partir de
2006, tomariam como base os investimentos, metas e outras variáveis de uma empresa modelo, a
ser montada por Anatel e Ministério das Comunicações. De sua
parte, a direção da Abrafix negou
o estabelecimento dessa empresa
modelo como definidora dos tetos para os reajustes.
Anatel
O presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Luiz Guilherme Schymura,
afirmou ontem que "é difícil" fazer algum comentário sobre a
proposta do governo de eliminar
a indexação das tarifas pelo IGP-DI a partir da renovação dos contratos de concessão com as teles.
"A política é de governo. É difícil fazer algum comentário."
Colaborou a Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Sindicalismo: CUT descarta ruptura e se aproxima de Lula Próximo Texto: Plano prevê criação de linha fixa pré-paga Índice
|