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SP registra maior deflação em seis anos
Índice de preços da Fipe recua 0,22% em maio, com queda no álcool combustível, de 17,55%, e nos alimentos, de 0,89%
Custo da comida tem 12º mês seguido de redução, e fundação prevê que inflação na capital paulista fique em 4% neste ano
IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE
O município de São Paulo encerrou maio com deflação de
0,22%, maior queda desde fevereiro de 2000, quando a taxa teve variação negativa de 0,23%,
segundo dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP).
O resultado surpreendeu o
coordenador da pesquisa, Paulo Picchetti, que projetava uma
variação negativa de 0,10% para o IPC (Índice de Preços ao
Consumidor) em maio.
Pelo segundo mês consecutivo, o álcool -principal gerador
de inflação no início do ano-
empurrou a taxa para baixo.
Com o avanço da safra da cana, a queda dos preços nas usinas se intensificou. Com isso, o
álcool combustível recuou
17,55% em São Paulo em maio e
respondeu por metade da deflação. O movimento atingiu a
gasolina, que recuou 0,46%.
A tendência é que o álcool
continue em baixa, já que no índice ponta a ponta -comparação apenas da quarta semana
deste mês com o mesmo período de abril- o recuo é de 20%.
Outra surpresa veio do grupo
alimentação, que intensificou
movimento de queda para
0,89% com o recuo de 5,43%
dos preços dos "in natura".
Foi o 12º mês seguido de queda dos alimentos, a maior desde
agosto. "Estas reduções são geradas pelo forte aumento da
oferta e não estão associadas à
desaceleração do nível de atividade", disse Picchetti.
A desvalorização do dólar em
relação ao real, o aumento da
produção e a necessidade dos
agricultores de venderem, mesmo que mais barato, para pagarem as dívidas são alguns dos
fatores que têm influenciado os
preços dos alimentos.
As maiores quedas foram do
arroz, de 4,57%; da laranja,
10,66%; e do feijão, 6,68%.
A deflação de maio e principalmente a retração dos alimentos se refletiu na cesta de
compras da Fipe, que ficou
1,05% mais barata no mês.
Apesar da deflação registrada
em maio, Picchetti manteve a
previsão de inflação de 4% para
2006, revisada no final de abril
-a inicial era de 4,5%.
Nos cinco primeiros meses
deste ano, a inflação acumula
taxa de 0,41% e, em 12 meses,
de 1,97% -menor desde julho
de 1999, que estava em 1,36%.
Picchetti ressaltou que essas
taxas mostram inflação sob
controle e que o "primeiro semestre deve ser o melhor em
muito tempo".
Para junho, o economista da
Fipe projeta estabilidade de
preços. Ele considera, entretanto, que é difícil fazer uma
previsão para este mês, em razão da volatilidade dos preços
dos alimentos.
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