São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2008

Próximo Texto | Índice

Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Investidor na Bovespa deve começar a ter cautela, diz banco

Apesar do resultado positivo da Bovespa ontem, que fechou com alta de 3,69%, todo cuidado é pouco para os investidores na Bolsa, segundo relatório do Santander. O ciclo econômico atual pode ser desfavorável às ações, com uma eventual estagnação das ações e tendência de alta da inflação.
De acordo com Marcelo Audi, estrategista de ações no Brasil do Santander, a economia brasileira pode ter atingido o ápice do seu crescimento no primeiro trimestre deste ano e, a partir de agora, deve começar a se desacelerar.
"Não vemos tendência de alta nos próximos meses no mercado brasileiro", diz Audi, que prevê que a Bolsa oscile em torno de 70 mil pontos.
O especialista avalia, por outro lado, que o grau de investimento concedido ao Brasil deva trazer benefício para as empresas de menor porte, que terão mais oportunidade de fazer a captação de dívidas no mercado internacional com a melhora da classificação do país.
As grandes empresas, segundo ele, já sentem na prática os efeitos do selo de bom pagador. Das ações que compõem o Ibovespa, 59% já têm o grau de investimento. Outros efeitos da melhora na classificação, de acordo com o relatório, devem vir só a médio e longo prazos.
Segundo o estrategista, as desacelerações das vendas no varejo, na produção da indústria e no consumo aparente de bens de capital registradas em março podem ser um sinal de que "o melhor já passou".
Em abril e maio, a Bolsa subiu 19%. De acordo com o Santander, a forte alta foi causada, principalmente, pela melhora de percepção sobre a crise nos Estados Unidos, pelo preço do petróleo -que fez com que as ações da Petrobras, com grande peso na Bovespa, valorizassem-se- e pelos efeitos do segundo grau de investimento concedido ao Brasil.
Audi recomenda cautela aos investidores, que, segundo ele, devem evitar grande exposição a riscos com investimentos em setores cíclicos. Por outro lado, recomenda investimentos em setores mais defensivos -ele cita como exemplos o elétrico, o de saúde e o de transportes.
Segundo a análise, o pano de fundo para a piora do cenário econômico do Brasil e do mundo é a pressão exercida pela inflação. "No Brasil, [a pressão inflacionária] exige juros mais altos, o que vai levar, cedo ou tarde, a uma desaceleração do crescimento econômico."

NO LABORATÓRIO
A Bureau Veritas, especializada em verificação de conformidade de qualidade, saúde, segurança, ambiente e responsabilidade social, acaba de comprar o laboratório de análises tecnológicas Analytical Solutions. Com sede no Rio, a Analytical Solutions tem também unidades em São Paulo, Belo Horizonte e Natal. Para Antonio Pecly, diretor de novos negócios da Bureau Veritas, com a aquisição, a empresa amplia os serviços em biocombustíveis, mineração, óleo e gás, ambiente e alimentos e quer aumentar em 15% o faturamento no Brasil -que hoje é R$ 200 milhões. A empresa, cujos investimentos no ano totalizam R$ 60 milhões, também está desenvolvendo laboratórios em Minas, SP e Espírito Santo.

MULTIPLICAÇÃO
A rede de fast food Seletti, focada em alimentação saudável, investe R$ 3 milhões para abrir seis lojas até o fim do ano. A casa tem três unidades em São Paulo. Em 2009, a primeira loja fora da cidade será inaugurada no Rio. A meta é abrir, a partir de 2010, dez unidades por ano, até chegar a cem restaurantes. "Queremos que cerca de 80% das novas unidades sejam próprias", diz Luis Felipe Campos, proprietário da rede.

COZINHA:
BANCO POPULAR E NEOENERGIA SUBSIDIAM GELADEIRA
Marcelo Corrêa, presidente do grupo Neoenergia, e Robson Rocha, diretor de menor renda do Banco do Brasil e presidente do Banco do Popular, fecham parceria, no dia 16, para oferecer venda subsidiada de geladeiras econômicas para clientes de baixa renda. Os beneficiados serão consumidores com contas de consumo de até 80 megawatts-hora por mês. Eles pagarão 40% do valor do eletrodoméstico e poderão financiá-lo em 24 meses. Os 60% restantes serão assumidos pelas distribuidoras do grupo Neoenergia -Celpe (PE), Coelba (BA) e Cosern (RN). Edison Lobão (Minas e Energia) e o presidente do Banco do Brasil, Antonio Francisco de Lima Neto, participam do evento em que será feita a assinatura.

MÃO-DE-OBRA
Revirando depósitos de aviamentos no Bom Retiro, o arquiteto Clevio Rabelo teve uma idéia; com carretéis de linha encalhados nos estoques do bairro, criou uma luminária politicamente correta; batizou-a de Bolívia, para "chamar a atenção para a situação dos imigrantes semi-escravos que ali trabalham"

LUZ DO SOL
Mais de 1 milhão de óculos piratas apreendidos pela Receita Federal foram reciclados em abril e maio, em uma ação coordenada pela Abiótica (associação de produtos e ópticos), o Imeppi (Instituto Meirelles de Proteção à Propriedade Intelectual) e a Paco Comércio de Recicláveis. O recurso arrecadado com a venda do material triturado será destinado à Cooperativa de São Vicente, que participou da reciclagem. Hoje, os óculos estão em terceiro no ranking de produtos piratas mais comercializados no Brasil, atrás de CDs e DVDs ilegais.

PRÊMIO
A revista "Conjuntura Econômica", editada pelo Ibre da FGV, vai promover, no dia 18, em São Paulo, o prêmio "Os Melhores e Maiores Conglomerados Financeiros do Brasil". Fator, Votorantim, BBM, UBS Pactual e Barclays são finalistas na categoria "Atacado e Negócios". Ford, Bonsucesso, BMG, CNH Capital e Matone disputam em "Financiamento". Os cinco melhores em "Varejo" são Santander, Itaú, ABN Amro Bank, Bradesco e Unibanco. Na categoria "Público", estão BEP, Banrisul, Banco do Brasil, Banestes e Banese.

NO FUNDO
A BNP Paribas Asset Management Brasil lançou seu primeiro fundo para clientes do Itaú Personnalité, o FIC BNPP Hedge. Hoje, o gestor tem R$ 4 bilhões de seus fundos distribuídos em nove dos dez maiores bancos brasileiros. Cresce no Brasil o interesse dos bancos em oferecer aos seus clientes fundos de outras instituições.

VERDE
A Natura fechou ontem os primeiros resultados do programa "Carbono Neutro". Em 2007, reduziu em 7% suas emissões de CO2 sobre 2006, mesmo tendo aumentado 10,3% a produção ante o ano anterior. A empresa abriu edital para escolher parceiros em projetos de neutralização, que serão financiados em 2009.


com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


Próximo Texto: Cúpula da fome nada propõe contra "situação dramática"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.