São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2000


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POLÍTICA MONETÁRIA
Órgão empresta a instituições financeiras cobrando 17,25% ao ano e aumenta expectativa de corte maior
BC já pratica juros abaixo da taxa Selic

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Se, por um lado, boa parte da dívida pública do Brasil continua sendo corrigida por juros de 17,5% ao ano -a taxa Selic -, para o mercado financeiro o Banco Central já promoveu um corte de 0,25 ponto percentual nos juros básicos da economia.
A Selic serve de referência para os empréstimos com prazo de um dia (overnight) que o BC concede às instituições financeiras. Quando ela é fixada em 17,5%, isso quer dizer que a taxa cobrada das instituições deve variar em torno desse valor.
Diariamente, porém, o BC altera essa taxa para controlar a liquidez do mercado. Desde a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) -quando foi feito um corte de um ponto percentual na Selic-, a taxa cobrada efetivamente no mercado tem caído continuamente. Ontem, ela ficou em 17,25% ao ano.
Embora não haja uma relação direta entre a taxa overnight e a política monetária conduzida pelo governo, a redução sofrida pela primeira tem aumentado a expectativa do mercado quanto à possibilidade de o BC utilizar o viés de baixa para reduzir a Selic.
O viés é um instrumento que permite que a taxa seja modificada sem que haja necessidade de o Copom se reunir. A próxima reunião do comitê está marcada para os dias 18 e 19.
Na opinião de Eduardo Castro, gestor de renda fixa do ABN Amro Asset Management, o BC pode estar aguardando pela divulgação de índices ligados ao mercado de trabalho norte-americano, prevista para amanhã, para reduzir a Selic. "Se (o corte na taxa) vier, deve ser de 0,5 ponto percentual."
Castro lembra que, há cerca de um mês, o anúncio do aumento de desemprego nos EUA foi um dos primeiros sinais de desaquecimento da economia do país. Os dados de amanhã podem servir para confirmar a desaceleração.
Para André Lóes, economista-chefe do Santander, o comportamento da curva de juros futuros mostra que o mercado espera, para breve, um corte na Selic.
Desde o último dia 21, quando a Selic passou para 17,5% ao ano, o DI (interbancário) projetado para dezembro recuou de 18,28% para 18,11% ao ano.
As taxas têm caído porque o mercado estava esperando que o viés de baixa fosse utilizado rapidamente. Como isso demorou a ocorrer, a procura pelos contratos futuros tem diminuído.
Ontem, foram negociados 44 mil contratos DI de dezembro, contra 84 mil do último dia 21. Segundo Carlos Henrique de Abreu, da corretora Socopa, esses papéis têm perdido liquidez porque a diferença entre os juros futuros e a Selic tem diminuído, reduzindo os ganhos dos investidores.


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