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POLÍTICA MONETÁRIA
Órgão empresta a instituições financeiras cobrando 17,25% ao ano e aumenta expectativa de corte maior
BC já pratica juros abaixo da taxa Selic
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Se, por um lado, boa parte da dívida pública do Brasil continua
sendo corrigida por juros de
17,5% ao ano -a taxa Selic -,
para o mercado financeiro o Banco Central já promoveu um corte
de 0,25 ponto percentual nos juros básicos da economia.
A Selic serve de referência para
os empréstimos com prazo de um
dia (overnight) que o BC concede
às instituições financeiras. Quando ela é fixada em 17,5%, isso quer
dizer que a taxa cobrada das instituições deve variar em torno desse valor.
Diariamente, porém, o BC altera essa taxa para controlar a liquidez do mercado. Desde a última
reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária) -quando foi
feito um corte de um ponto percentual na Selic-, a taxa cobrada
efetivamente no mercado tem caído continuamente. Ontem, ela ficou em 17,25% ao ano.
Embora não haja uma relação
direta entre a taxa overnight e a
política monetária conduzida pelo governo, a redução sofrida pela
primeira tem aumentado a expectativa do mercado quanto à possibilidade de o BC utilizar o viés de
baixa para reduzir a Selic.
O viés é um instrumento que
permite que a taxa seja modificada sem que haja necessidade de o
Copom se reunir. A próxima reunião do comitê está marcada para
os dias 18 e 19.
Na opinião de Eduardo Castro,
gestor de renda fixa do ABN Amro Asset Management, o BC pode
estar aguardando pela divulgação
de índices ligados ao mercado de
trabalho norte-americano, prevista para amanhã, para reduzir a
Selic. "Se (o corte na taxa) vier, deve ser de 0,5 ponto percentual."
Castro lembra que, há cerca de
um mês, o anúncio do aumento
de desemprego nos EUA foi um
dos primeiros sinais de desaquecimento da economia do país. Os
dados de amanhã podem servir
para confirmar a desaceleração.
Para André Lóes, economista-chefe do Santander, o comportamento da curva de juros futuros
mostra que o mercado espera, para breve, um corte na Selic.
Desde o último dia 21, quando a
Selic passou para 17,5% ao ano, o
DI (interbancário) projetado para
dezembro recuou de 18,28% para
18,11% ao ano.
As taxas têm caído porque o
mercado estava esperando que o
viés de baixa fosse utilizado rapidamente. Como isso demorou a
ocorrer, a procura pelos contratos
futuros tem diminuído.
Ontem, foram negociados 44
mil contratos DI de dezembro,
contra 84 mil do último dia 21. Segundo Carlos Henrique de Abreu,
da corretora Socopa, esses papéis
têm perdido liquidez porque a diferença entre os juros futuros e a
Selic tem diminuído, reduzindo
os ganhos dos investidores.
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