São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2000


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CONJUNTURA
Índice do IBGE alterna altas e quedas desde o início do ano; em relação ao mesmo mês de 99, houve crescimento de 6,1%
Produção industrial recua 1,7% em maio

ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

A produção industrial do país caiu 1,7% em maio, divulgou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O índice -resultado da baixa em 12 dos 20 ramos pesquisados- dá sequência a um comportamento oscilante da indústria desde o inicio do ano. Altas e quedas vêm se alternando mês após mês.
O resultado, contudo, diz o IBGE, não compromete a trajetória de recuperação do parque industrial brasileiro, que, na comparação com o mesmo mês do ano passado, produziu 6,1% a mais- o 10º crescimento consecutivo nesse tipo de comparação e o 3º maior desse período.
Nas demais comparações (acumulado no ano e nos últimos 12 meses), a produção industrial também mostra índices positivos. O indicador dos 12 meses, por exemplo, que fechou o ano passado em -0,7% já está em 3,2%. Essa melhora tem sido generalizada, segundo o IBGE.

Previsões
O instituto não faz projeções de crescimento. Sales diz que uma alta de 6%, conforme estimativas da CNI (Confederação Nacional da Indústria), seria "muito boa", mesmo considerando a estagnação da indústria observada no ano passado.
O analista enumera ainda os fatores macroeconômicos que têm sido -e que continuarão a ser- um estímulo para a boa trajetória da indústria: juros e inflação em queda, aumento da ocupação e o aquecimento típico do segundo semestre, este ano reforçado ainda pelo período eleitoral, que sempre tem um impacto positivo sobre gastos e ocupação.
Ao contrário do que acontecia no final do ano passado, quando o ramo intermediários (matérias-primas e manufaturados, produtos que pesam na pauta de exportação) sozinho justificava a euforia que tomou conta da produção industrial, neste início de ano a indústria tem crescido também -e principalmente- a reboque dos bens de capital (voltados para a indústria) e dos bens duráveis (automóveis, motocicletas e eletrodomésticos, por exemplo), estimulados pela melhoria nas condições de crédito, ou seja, pela queda dos juros.
Na comparação com maio do ano passado, a expansão foi de 26,3% para bens duráveis e de 13,6% para bens de capital.

Queda em não-duráveis
Prossegue em queda, no entanto, o setor de bens semiduráveis e não-duráveis, justamente o que ganha mais dinamismo quando aumenta o poder de compra da população menos abastada.
Com mais dinheiro no bolso, as classes C e D tendem a aumentar o consumo de roupas, alimentos, remédios, sapatos e produtos do gênero. Em maio, contudo, a produção industrial voltada para esse segmento caiu 2,3% sobre o mesmo mês do ano anterior.
O que se pode concluir, segundo o IBGE, é que esse extrato da população continua com seus rendimentos achatados. Os dois ramos que mais pesaram na baixa da produção dos não-duráveis foram medicamentos e combustíveis.
Para Sales, o preço ainda alto desses produtos na ponta para o consumidor pode explicar, em parte, a baixa demanda e, portanto, a baixa produção.
Sales diz que a oscilação da produção industrial também pode estar obedecendo a um padrão de sazonalidade ditado pela demanda internacional, ou seja, das exportações.
Se isso ficar comprovado como uma tendência, Sales não descarta a hipótese de a produção industrial voltar a crescer em junho, até porque a pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) sobre vendas mostra uma forte recuperação que ainda não bateu na produção.
Outro dado que reforça a boa expectativa para o mercado interno é o fato de a importação de bens de capital ter caído 7% entre janeiro e abril. Dado o aumento da exportação e da produção no mesmo período, o IBGE concluiu que esse espaço tem sido ocupado pela indústria brasileira.


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