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CONJUNTURA
Índice do IBGE alterna altas e quedas desde o início do ano; em relação ao mesmo mês de 99, houve crescimento de 6,1%
Produção industrial recua 1,7% em maio
ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO
A produção industrial do país
caiu 1,7% em maio, divulgou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística). O índice -resultado da baixa em 12 dos
20 ramos pesquisados- dá sequência a um comportamento oscilante da indústria desde o inicio
do ano. Altas e quedas vêm se alternando mês após mês.
O resultado, contudo, diz o IBGE, não compromete a trajetória
de recuperação do parque industrial brasileiro, que, na comparação com o mesmo mês do ano
passado, produziu 6,1% a mais-
o 10º crescimento consecutivo
nesse tipo de comparação e o 3º
maior desse período.
Nas demais comparações (acumulado no ano e nos últimos 12
meses), a produção industrial
também mostra índices positivos.
O indicador dos 12 meses, por
exemplo, que fechou o ano passado em -0,7% já está em 3,2%. Essa
melhora tem sido generalizada,
segundo o IBGE.
Previsões
O instituto não faz projeções de
crescimento. Sales diz que uma alta de 6%, conforme estimativas da
CNI (Confederação Nacional da
Indústria), seria "muito boa",
mesmo considerando a estagnação da indústria observada no
ano passado.
O analista enumera ainda os fatores macroeconômicos que têm
sido -e que continuarão a ser-
um estímulo para a boa trajetória
da indústria: juros e inflação em
queda, aumento da ocupação e o
aquecimento típico do segundo
semestre, este ano reforçado ainda pelo período eleitoral, que
sempre tem um impacto positivo
sobre gastos e ocupação.
Ao contrário do que acontecia
no final do ano passado, quando o
ramo intermediários (matérias-primas e manufaturados, produtos que pesam na pauta de exportação) sozinho justificava a euforia que tomou conta da produção
industrial, neste início de ano a indústria tem crescido também -e
principalmente- a reboque dos
bens de capital (voltados para a
indústria) e dos bens duráveis
(automóveis, motocicletas e eletrodomésticos, por exemplo), estimulados pela melhoria nas condições de crédito, ou seja, pela
queda dos juros.
Na comparação com maio do
ano passado, a expansão foi de
26,3% para bens duráveis e de
13,6% para bens de capital.
Queda em não-duráveis
Prossegue em queda, no entanto, o setor de bens semiduráveis e
não-duráveis, justamente o que
ganha mais dinamismo quando
aumenta o poder de compra da
população menos abastada.
Com mais dinheiro no bolso, as
classes C e D tendem a aumentar
o consumo de roupas, alimentos,
remédios, sapatos e produtos do
gênero. Em maio, contudo, a produção industrial voltada para esse
segmento caiu 2,3% sobre o mesmo mês do ano anterior.
O que se pode concluir, segundo o IBGE, é que esse extrato da
população continua com seus
rendimentos achatados. Os dois
ramos que mais pesaram na baixa
da produção dos não-duráveis foram medicamentos e combustíveis.
Para Sales, o preço ainda alto
desses produtos na ponta para o
consumidor pode explicar, em
parte, a baixa demanda e, portanto, a baixa produção.
Sales diz que a oscilação da produção industrial também pode
estar obedecendo a um padrão de
sazonalidade ditado pela demanda internacional, ou seja, das exportações.
Se isso ficar comprovado como
uma tendência, Sales não descarta
a hipótese de a produção industrial voltar a crescer em junho, até
porque a pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo) sobre vendas mostra
uma forte recuperação que ainda
não bateu na produção.
Outro dado que reforça a boa
expectativa para o mercado interno é o fato de a importação de
bens de capital ter caído 7% entre
janeiro e abril. Dado o aumento
da exportação e da produção no
mesmo período, o IBGE concluiu
que esse espaço tem sido ocupado
pela indústria brasileira.
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