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DÍVIDA EXTERNA
Horst Köhler diz que há chances de 20% de que pagamento da dívida seja suspenso, em uma situação extrema
FMI não descarta o calote do Brasil
DA REDAÇÃO
O FMI (Fundo Monetário Internacional) não descarta a possibilidade de o Brasil dar um calote
no pagamento de sua dívida. Mas
essa hipótese faria parte de um cenário de "pesadelo", afirmou o diretor-gerente da instituição,
Horst Köhler, em entrevista ao
jornal inglês "Financial Times".
Segundo a reportagem do "FT",
publicada ontem, Köhler disse
que não se pode subestimar os riscos do atual período de elevada
volatilidade dos mercados financeiros internacionais. Por isso, o
diretor afirmou que não se pode
descartar uma situação extrema,
em que as Bolsas continuem a
perder valor e um país emergente,
como o Brasil ou a Turquia, dê calote na dívida. Para Köhler, a
chance de tal pesadelo tornar-se
realidade seria de 20%.
O diretor-gerente do órgão
multilateral de ajuda econômica
disse ainda que o FMI não se
preocupou muito, no passado,
com o fortalecimento das instituições dos países em desenvolvimento. Afirmou que não basta
defender privatizações sem que se
crie um ambiente competitivo.
Ainda de acordo com Köhler,
Brasil e Turquia "são um grande
desafio, porque o maior problema [nesses países" é político, e isso é difícil para o FMI, porque
nosso foco é a economia".
Dólar preocupa
Ainda na entrevista ao "FT", o
diretor-gerente do Fundo afirmou que o FMI deve procurar
uma ação coordenada dos países
ricos para conter uma eventual
desvalorização excessiva do dólar.
Köhler disse que tem restrições à
intervenção no mercado cambial,
mas, se a moeda norte-americana
se desvalorizar rapidamente e de
maneira desordenada, "não intervir não seria a resposta correta".
Desde o começo do ano, o dólar
já perdeu 12% de seu valor ante o
euro, por causa da crise de credibilidade das corporações dos
EUA e da debilidade econômica
do país. Se houver uma fuga de
capitais dos EUA, poderia ocorrer
uma grande desestabilização das
principais economias do planeta.
Os reflexos seriam sentidos em
todo o mundo. Países emergentes
poderiam ficar sem crédito no
mercado internacional.
Mas Köhler acredita que tal desfecho seria improvável. "A economia norte-americana é mais flexível do que outras, o que nos faz
crer que deve ocorrer uma sólida recuperação."
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