DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diante das várias críticas recebidas nos últimos dias, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, recuou e disse que não vai ser preciso esperar 30 meses para que a situação da economia brasileira melhore.
Na última terça-feira, em evento organizado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Fraga havia dito que o Brasil levaria 30 meses para ser considerado pelo mercado internacional como um país seguro para investir.
O presidente do BC se referia ao tempo que o Brasil levaria para ser classificado como um país de baixo risco ("investment grade") pelas agências internacionais. Atualmente, o Brasil está na categoria chamada "investimento especulativo", ou seja, de risco elevado. No mesmo dia em que Fraga falou do prazo de 30 meses, a agência Standard & Poor's rebaixou a nota do Brasil.
Ontem, Fraga divulgou uma nota para reafirmar que chegar à categoria de baixo risco é algo que "pode ser atingido em 30 meses a partir de agora". Por outro lado, na mesma nota, o presidente do BC diz que "não será necessário esperar 30 meses para que a situação melhore". E completou: "Se os esforços deste e do próximo governo permitirem um resultado mais rápido, melhor", disse Fraga em sua nota.
O prazo de 30 meses dado por Fraga foi criticado por empresários e presidenciáveis. O presidente da Fiesp, Horacio Lafer Piva, estava presente ao evento em que a declaração foi dada e disse que o prazo era muito grande. "É preciso baixar rapidamente a taxa de risco do Brasil, pois isso impede o crescimento do investimento e do país", afirmou.
Na mesma linha, o empresário Antônio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, disse que o prazo era muito longo. "Fico triste com essa estimativa", afirmou. As notas dadas por agências de classificação de risco influenciam as taxas de juros cobradas pelo mercado internacional para fazer empréstimos às empresas brasileiras.

Presidenciáveis
Os presidenciáveis também reagiram às declarações dadas por Fraga. O candidato do PPS, Ciro Gomes, chegou a falar que o prazo do presidente do BC não passava de um "chute". "Acho que isso é influência da Copa do Mundo", ironizou Ciro.
Segundo Fraga, a perspectiva de que o Brasil possa chegar à categoria de investimento de baixo risco num prazo de 30 meses já seria suficiente para, no presente, melhorar o grau de confiança dos investidores no país.



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