São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997.



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TIGRES
Volta é improvável, mas deterioração econômica pode mudar quadro
Militarismo ainda ameaça a democracia tailandesa

do enviado especial à Tailândia

Além dos problemas econômicos, o governo tailandês vinha enfrentando uma onda de protestos populares. Em maio foram registrados 60 incidentes. Os militares retiraram-se da política na Tailândia apenas em 1992.
O novo ministro das Finanças da Tailândia, nomeado para gerenciar a crise, era presidente do Banco dos Militares Tailandeses (Thai Military Bank). O governo apóia-se numa frente formada por seis partidos e a nomeação de um homem ligado aos militares foi uma opção política para tentar ganhar a confiança dos mercados.
Mas a opção pode não ter sido a melhor, pois fontes do mercado financeiro dizem que um técnico daria maior credibilidade. O ex-ministro Amnuay Viravan correspondia mais a esse figurino. Depois da crise cambial chegaram a circular rumores de que Amnuay sofrera um ataque cardíaco em Hong Kong, onde estava presente para as cerimônias da devolução do território à China.
Amnuay renunciou no mês passado. Thanong, o novo ministro, foi formado no Japão e é considerado um burocrata sem iniciativa. Crescem os temores de quebra do regime democrático no país. Ou melhor, de quebra total. No dia 10 de junho, o governo criou um centro de "monitoramento da mídia" e endureceu nas reações aos protestos populares.
Nova lei
O primeiro-ministro disse que "não toleraria mais tais ações" (bloqueio de estradas e invasão de escritórios governamentais). Discute-se a implementação de uma nova lei policial, nos moldes da que vigora na Malásia, onde protestantes podem ser presos e condenados apenas por participar de manifestações não autorizadas.
Em meio à maior recessão desde os anos 80, o Congresso prepara-se para fazer uma reforma constitucional em agosto. A volta dos militares parece pouco provável. Em 1992, eles se retiraram da política depois de uma onda de protestos de massa. Mas a deterioração econômica pode mudar esse quadro.
Na televisão, um desenho animado matinal é interrompido para a exibição de cenas das forças armadas, misturando-se as imagens dos militares com outras de monges budistas e do próprio Buda.
Se a crise não passar, as baionetas podem voltar. (GS)



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