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TIGRES
Volta é improvável, mas deterioração econômica pode mudar quadro
Militarismo ainda ameaça
a democracia tailandesa
do enviado especial à Tailândia
Além dos problemas econômicos, o governo tailandês vinha enfrentando uma onda de protestos
populares. Em maio foram registrados 60 incidentes. Os militares
retiraram-se da política na Tailândia apenas em 1992.
O novo ministro das Finanças da
Tailândia, nomeado para gerenciar a crise, era presidente do Banco dos Militares Tailandeses (Thai
Military Bank). O governo
apóia-se numa frente formada por
seis partidos e a nomeação de um
homem ligado aos militares foi
uma opção política para tentar ganhar a confiança dos mercados.
Mas a opção pode não ter sido a
melhor, pois fontes do mercado financeiro dizem que um técnico
daria maior credibilidade. O
ex-ministro Amnuay Viravan correspondia mais a esse figurino. Depois da crise cambial chegaram a
circular rumores de que Amnuay
sofrera um ataque cardíaco em
Hong Kong, onde estava presente
para as cerimônias da devolução
do território à China.
Amnuay renunciou no mês passado. Thanong, o novo ministro,
foi formado no Japão e é considerado um burocrata sem iniciativa.
Crescem os temores de quebra do
regime democrático no país. Ou
melhor, de quebra total. No dia 10
de junho, o governo criou um centro de "monitoramento da mídia"
e endureceu nas reações aos protestos populares.
Nova lei
O primeiro-ministro disse que
"não toleraria mais tais ações"
(bloqueio de estradas e invasão de
escritórios governamentais). Discute-se a implementação de uma
nova lei policial, nos moldes da
que vigora na Malásia, onde protestantes podem ser presos e condenados apenas por participar de
manifestações não autorizadas.
Em meio à maior recessão desde
os anos 80, o Congresso prepara-se para fazer uma reforma
constitucional em agosto. A volta
dos militares parece pouco provável. Em 1992, eles se retiraram da
política depois de uma onda de
protestos de massa. Mas a deterioração econômica pode mudar esse
quadro.
Na televisão, um desenho animado matinal é interrompido para
a exibição de cenas das forças armadas, misturando-se as imagens
dos militares com outras de monges budistas e do próprio Buda.
Se a crise não passar, as baionetas podem voltar.
(GS)
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