São Paulo, terça-feira, 06 de agosto de 2002

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Alca pode ser contrapartida ao apoio dos EUA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso , o secretário Paul O'Neill manifestou ontem a intenção do governo norte-americano de respaldar e defender um acordo do Brasil com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O'Neill deixou claro que falava em nome do presidente George W. Bush, mas já deixou implícita a expectativa de uma certa contrapartida futura na negociação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). O secretário também pediu desculpas por ter causado "alguns problemas" com declarações da semana passada insinuando que autoridades brasileiras mandavam recursos internacionais "para contas na Suíça".
FHC explicou que parte da repercussão negativa ocorreu porque a imprensa brasileira "é vigilante" e a sociedade acompanha com muito cuidado a gestão econômica. Conforme a Folha apurou, O'Neill reagiu em tom de brincadeira: "Às vezes, eu tenho dificuldade com a imprensa".
"O próprio secretário O'Neill reiterou durante o encontro que houve um desencontro e que em momento nenhum ele teve a intenção de colocar em dúvida a qualidade do manejo da economia brasileira", disse o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola.
Apesar de qualificar o episódio como encerrado e declarar que o mal-estar entre os dois países já havia sido desfeito, fotógrafos e cinegrafistas não tiveram acesso à audiência. FHC quis dar um caráter sóbrio ao encontro.
O presidente fez um relato sobre economia e as crises, desde a da Ásia, e sobre a situação política e social do Brasil. Disse que a democracia e a estabilidade econômica estão consolidadas e que qualquer candidato que vença as eleições de outubro manterá a linha adotada. "Não haverá surpresas", disse a O'Neill, conforme a Folha apurou, porque "a sociedade brasileira assimilou valores como democracia e estabilidade".

Alca
Depois de manifestar o apoio dos EUA ao novo acordo com o FMI, O'Neill disse que Bush espera que a Alca "avance", agora que o Congresso dos EUA aprovou a TPA (Autorização para Promoção Comercial), antes conhecido como "fast track" (via rápida) -autorização que o Legislativo americano concede para que o Executivo negocie acordos comerciais sem ter que submetê-los a possíveis alterações do Congresso. FHC reagiu dizendo claramente: "O importante é o Brasil garantir acesso aos mercados".
O principal entrave às negociações com a Alca, conforme o próprio O'Neill, é o excesso de protecionismo norte-americano à agricultura. Ele admitiu na conversa de 50 minutos, no Palácio do Planalto, negociações para ultrapassar esse obstáculo. Participaram do encontro Parente, Pedro Malan (Fazenda), o embaixador Eduardo dos Santos e dois funcionários do Tesouro norte-americano, John Taylor, sub-secretário, e Nancy Lee, assessora.



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