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Alca pode ser contrapartida ao apoio dos EUA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em encontro com o presidente
Fernando Henrique Cardoso , o
secretário Paul O'Neill manifestou ontem a intenção do governo
norte-americano de respaldar e
defender um acordo do Brasil
com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O'Neill deixou claro que falava
em nome do presidente George
W. Bush, mas já deixou implícita
a expectativa de uma certa contrapartida futura na negociação da
Alca (Área de Livre Comércio das
Américas). O secretário também
pediu desculpas por ter causado
"alguns problemas" com declarações da semana passada insinuando que autoridades brasileiras mandavam recursos internacionais "para contas na Suíça".
FHC explicou que parte da repercussão negativa ocorreu porque a imprensa brasileira "é vigilante" e a sociedade acompanha
com muito cuidado a gestão econômica. Conforme a Folha apurou, O'Neill reagiu em tom de
brincadeira: "Às vezes, eu tenho
dificuldade com a imprensa".
"O próprio secretário O'Neill
reiterou durante o encontro que
houve um desencontro e que em
momento nenhum ele teve a intenção de colocar em dúvida a
qualidade do manejo da economia brasileira", disse o porta-voz
da Presidência, Alexandre Parola.
Apesar de qualificar o episódio
como encerrado e declarar que o
mal-estar entre os dois países já
havia sido desfeito, fotógrafos e
cinegrafistas não tiveram acesso à
audiência. FHC quis dar um caráter sóbrio ao encontro.
O presidente fez um relato sobre
economia e as crises, desde a da
Ásia, e sobre a situação política e
social do Brasil. Disse que a democracia e a estabilidade econômica estão consolidadas e que
qualquer candidato que vença as
eleições de outubro manterá a linha adotada. "Não haverá surpresas", disse a O'Neill, conforme a
Folha apurou, porque "a sociedade brasileira assimilou valores como democracia e estabilidade".
Alca
Depois de manifestar o apoio
dos EUA ao novo acordo com o
FMI, O'Neill disse que Bush espera que a Alca "avance", agora que
o Congresso dos EUA aprovou a
TPA (Autorização para Promoção Comercial), antes conhecido
como "fast track" (via rápida)
-autorização que o Legislativo
americano concede para que o
Executivo negocie acordos comerciais sem ter que submetê-los
a possíveis alterações do Congresso. FHC reagiu dizendo claramente: "O importante é o Brasil
garantir acesso aos mercados".
O principal entrave às negociações com a Alca, conforme o próprio O'Neill, é o excesso de protecionismo norte-americano à agricultura. Ele admitiu na conversa
de 50 minutos, no Palácio do Planalto, negociações para ultrapassar esse obstáculo. Participaram
do encontro Parente, Pedro Malan (Fazenda), o embaixador
Eduardo dos Santos e dois funcionários do Tesouro norte-americano, John Taylor, sub-secretário, e Nancy Lee, assessora.
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